Novo blog


ELTON MELLO ESTEVAM analisa obra literária de Victorio Codo

Breve análise da obra

“Da Montanha ao Pantanal”

Elton Mello Estevam (*)


De leitura suave e instigante, o livro de Victorio Codo evita cantilenas obsoletas e digressões inoportunas, transportando o leitor a uma atmosfera de intimidade com o autor, mesmo aqueles que não o conhecem. Além do mais, são verdadeiras aulas de geografia, biologia, cultura geral e, por que não, filosofia. Sim, a obra apresenta-se indiretamente filosófica no sentido de que instiga o leitor a uma reflexão sobre a sua condição e a dos demais ditos civilizados. Com efeito, a agradável leitura de mais essa bela produção literária, enveredando-se pela cultura indígena e cabocla, nos convida a refletir sobre os nossos próprios hábitos e costumes que, vistos sob a ótica do controle social, ilusoriamente nos afiguram os únicos possíveis.

No tocante à estrutura da obra, percebe-se que é produto de um escritor experiente e arguto, de espírito vivo, engenhoso, talentoso, perspicaz, sutil, que não se contenta com a simples narrativa do fato. Procura, antes, explicar as causas dos fenômenos relatados, sem, contudo, cair na amargura tediosa que abarcam muitas pesquisas que se tornam extensas demais. Destarte, o autor é breve e agradável nas suas explicações científicas e/ou históricas, enriquecendo ainda mais a obra, que transcende à narrativa casual. Parece-me, outrossim, que ele assimilou bem a lição de Graciliano Ramos: “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.

Os fatos relatados são de singular curiosidade. Curiosidade esta que prende o leitor do início ao fim do livro, em um original e real suspense que não o permite levantar para ir pegar um copo d’água, sem antes completar a leitura do capítulo! De resto, com o término da leitura de “Da Montanha ao Pantanal” fica aquele gostinho na alma satisfeita, que só irá se dissipar ao sabor do vento e das horas...


(*) ELTON MELLO ESTEVAM é ubaense, 19 anos, universitário. É autor de Don Juan e o oráculo de Zeus, obra de ficção mitológica, realismo fantástico, em prosa, com comentário de Marum Alexander e Cláudio Estevam. Em Antologia, seu segundo livro, também edição do autor, Elton brinda o leitor com seus contos e textos filosóficos, que induzem a reflexão sobre o tema Ideologia. O jovem escritor tem diversos trabalhos, em prosa e em verso, publicados na internet e em periódicos locais. Interrompeu a produção do seu terceiro livro, Guia Pessoal Conhecimento do Mundo. Sobre Deus e o Diabo (teatro), que seria o quarto livro do autor, encontra-se em preparação.
-------------------------------------------------------

O texto acima foi lido na sessão solene da Aule de 01/12/2006, de lançamento do outro livro de Victorio Codo: A Odisséia da Família Napolitani Codo. O intérprete foi o talentoso garoto, estudante Francisco Brandão Teixeira do Rego.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ESTEVAM no Gazeta Regjornal, edição de 17/11/2010, pag. 10

FRAGMENTANDO...
Antonio Carlos Estevam - estevam1951@gmail.com *

RELUTÂNCIA NA “PRIMEIRA VIRTUDE TEOLOGAL”?

No opúsculo “O discurso que não foi dito”, do membro honorário da AULE Euclides Pereira de Mendonça, ainda por ser lançado pela Academia Ubaense de Letras (quem editou), me chamou especialmente a atenção a frase do apresentador do livro, precisamente o saudoso presidente da Academia, Dr. Manoel José Brandão Teixeira, ele se referindo ao autor: “Filosofa sobre o evolucionismo darwiniano e o criacionismo bíblico, com a maestria de um Santo Tomaz hodierno”.

Pois bem. Li, gastronomicamente, os originais da obra desse intelectual que, internacionalmente respeitado, para nosso enlevo se diz “natural de Visconde do Rio Ubá”. Pus-me a ‘deglutir’ o que fui encontrando pela frente, de outros autores, sobre o mesmo assunto. Isto, feito quem busca justificativa para a defesa unilateral e intransigente(1) (não lêia-se inteligente) que sói adepto sentir-se na obrigação de fazer do que diz sua respectiva religião sobre temas assim, tão relevantes quanto delicados de serem tratados.

A rica lição do Dr. Euclides – professor emérito da UnB e ex-morador do antigo Beco do Padilha em Ubá, irmão do ator global Mauro Mendonça – reportou-me à “tentação de crer” outrora sentida por Luis Nassif – expressão deste – Folha deSãoPaulohttp://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/opina/opina07/op070515.php.

Essa mesma “tentação” teria igualmente balançado, penso eu, desde consagrados doutos da ciência declaradamente ateus, das diversas nacionalidades, de Darcy Ribeiro a José Saramago, de Rachel de Queiroz a Dan Brown e até Albert Einstein. Aliás, a este último atribuem outra célebre confissão: “A opinião comum de que sou ateu repousa sob grave erro; quem o pretende deduzir das minhas teorias científicas não as entendeu...”.

Ao concluir pela persistência da minha dúvida, senti reforçada em mim uma antiga convicção: o fato de essas (1)defesas se apoiarem sempre em única fonte (por exemplo, a Bíblia: livro sem confirmação de autorias, à margem da ciência e carregado de contradições...) – não é o caso do acadêmico Dr. Euclides – isto pode bastar para tornar o argumento menos digno de apreciação, de estudo, de análise.

“Uma vez experimentado crescimento espiritual, a necessidade de a pessoa assim contemplada professar religião não mais se justificaria, pois o papel delas haveria de ser ajudar o seguidor a enfim dispensá-las. Assim, quando o ‘já crescido’ opta por manter-se fiel à mesma denominação (religião) em que ‘acidentalmente’ nasceu, tal atitude parece configurar mera forma de não abrir mão de se ter uma atividade espiritual, julgada, no seu caso, necessária a se viver mais à prova das naturais penúrias e com menos temor à morte. É oportuno lembrar que as ações humanas se resumem em evitar o sofrimento e buscar o prazer”, opina o prof. Tarcizio de Mauá, a quem, quando é assim, buscamos ouvir. “Mas, atenção: minha observação é válida para quem vive segundo os verdadeiros preceitos de justiça”, arremata o filósofo também ubaense, há quase meio século radicado em São Paulo.

A reflexão, caro leitor, a que convida este texto, poderia, enfim, nos levar a entender que: sem nos deixarmos orientar sempre pelo tolo senso comum, que vê fé como tema não debatível, não estudável, não discutível, mas apenas e necessariamente afirmável – ainda que “meus” atos e omissões a neguem... –; que vê no simples “não crer” motivo de fatal, total e eterna condenação sumária à geena... a despeito de tudo isso, devemos insistir em teimar na verdadeira fé (não fé incondicional), rejeitando o mero comodismo da descrença, do qual não podem ser tachados intelectuais como os acima citados, eles que, agigantados espiritualmente, tiveram a magnanimidade de publicamente confessar seu ateísmo? Que lição, hein!

Ateus de fé... de muita fé, isto sim?!


De volta aqui no GR, agradeço a manifestação amiga de leitores fiéis
– que me cobraram a falta desta coluna nas últimas edições –
e aproveito para antecipar a todos e à equipe do Gazeta sinceros votos de
BOAS FESTAS e VENTUROSO 2011!

(*) ANTONIO CARLOS ESTEVAM é membro efetivo da Academia Ubaense de Letras – AULE e seu ex-1º secretário por duas gestões, sucessor do escritor Sílvio Braga na cadeira n. 21, que tem por patrono o jornalista Octavio Braga

terça-feira, 14 de setembro de 2010

RUA DO ESTEVAM É NOTÍCIA DE SUA COLUNA NO SITE...

CLICANDO-SE NO SITE www.uba.com.br E ACESSANDO-SE A COLUNA "DECODIFICANDO", NELA LÊ-SE O TEXTO ABAIXO:

BAIRRO SANTA TEREZINHA
Alto do Caxangá – Ubá

Que foi que desaguou na melhoria ora acontecendo na
rua Tenente Coronel Assis Ataíde
e adjacentes ?

Antonio Carlos Estevam (*)
estevam1951@gmail.com

No penúltimo dia deste mês de agosto do ano de 2010 recebi um telefonema do Excelentíssimo Senhor Vereador Cláudio Ponciano, MD Presidente da egrégia Câmara Municipal de Ubá, sugerindo a elaboração de um histórico em cima do volumoso dossiê cujo enfeixamento veio registrando a “saga” da busca de melhoria para o nosso logradouro. Nele resido há trinta anos, e é onde nasceram e foram criados meus três filhos. Passo a enumerar, coincidentemente, 30 documentos esparsos, conseguidos salvar em meio a papéis diversos, acumulados ao longo dessas 3 décadas em pastas e envelopes hoje amarelecidos pelo tempo, à disposição dos moradores:

1. 24/08/1987 – A Câmara Municipal de Ubá aprova, por unanimidade, a indicação n. 105/87 do então Vereador Luiz Ângelo Maria, rogando urgente reformulação no combalido calçamento da rua Tenente Coronel Assis Ataíde, no Bairro Santa Terezinha.
2. 26/08/1987 – O então Presidente da Câmara, vereador José Januário Carneiro Neto, via OF 350/87, procede o devido encaminhamento ao Prefeito em exercício Mário Schiavon.
3. 30/08/1987 – Abaixo-assinado por todos os moradores é dirigido ao prefeito José Bigonha Gazolla.
4. 11/12/1987 – Bigonha Gazolla assina o Of. 154/87 dirigido à Câmara Municipal, prometendo “verificar, com carinho, a possibilidade de acolher para o ‘exercício vindouro’ “...
5. 22/09/1988 – O saudoso Mário Schiavon, em nome do Executivo Municipal e via OF 320/88, alega impossibilidade de asfaltamento por motivo de “falta de rede de captação de águas pluviais”, prometendo, contudo, “um novo calçamento”.
6. 20/05/1992 – Os moradores protocolam na Prefeitura um abaixo-assinado dirigido ao prefeito prof. Francisco de Filippo.
7. 26/05/1992 – Através do OF 052/92, De Filippo mostra peculiar boa vontade em reunir-se com moradores, a despeito do final de mandato recomendar restringir o esforço às obras “já combinadas”, diz.
8. 16/06/1992 – A reunião, acontecida no terraço da casa n. 205, conclui pela possibilidade – em razão do alegado fim de mandato – de asfaltamento sem realizar a necessária captação de águas pluviais. A votação a favor da proposta não alcança unanimidade.
9. 21/02/1994 – A Câmara aprova unanimemente o envio ao prefeito Dirceu dos Santos Ribeiro da indicação n. 017/94, do Vereador Cristiano da Mota Neto.
10. ??/10/1994 – Abaixo-assinado é dirigido ao prefeito Dirceu S. Ribeiro, que simplesmente não se pronuncia.
11. 03/06/1996 – Um quinto abaixo-assinado dirigido à Prefeitura é igualmente ignorado pelo mesmo prefeito (acima).
12. 10/06/1996 - A indicação n. 167/96, assinada por todos os vereadores, é aprovada pela unanimidade dos pares, sendo recebida pelos moradores cópia dela, carinhosamente capeada por cartão do então presidente da Câmara, vereador Antonio Carlos Jacob.
13. 21/08/1996 – Retornado aos moradores, devidamente assinado pelo funcionário da PMU, o A.R. n. 954520692 da correspondência dirigida ao prefeito Dirceu S. Ribeiro cobrando resposta aos dois abaixo-assinados a ele enviados. Novamente ignorou.
14. 17/09/1996 – Paulo, casa n.147, recebe, pessoal e textualmente, do então candidato a um terceiro mandato, Narciso Michelli, carta com pedido de voto e a garantia de que, novamente prefeito, executaria a melhoria reivindicada...
15. 15/10/1996 – O morador da casa n. 205 dirige, em nome seu e dos demais, correspondência ao jornal Tribuna Regional, solicitando a realização de matéria jornalística em cima do dossiê já acumulado.
16. 25/04/1997 – Correspondência é dirigida ao já prefeito Narciso Michelli, ficando também sem resposta.
17. 03/08/1997 – Capitaneada pelo jornalista Chiquinho de Carvalho, a reportagem (item 15, acima) é então realizada, ocupando página inteira. Sob uma das fotos, lê-se: “Os moradores da rua..., há dez anos suplicam aos prefeitos tentando, até agora em vão, ver promovidas obras no calçamento da via. Já fizeram de tudo...”.
18. 04/08/1997 – Repercute em todos os domicílios do logradouro, e cidade afora, a longa reportagem levada ao ar pela da Rádio Educadora, que inclui entrevista de “moradores desesperados...” – na expressão do Tribuna Regional.
19. 22/08/1997 – Dirigido ofício ao então vereador Fernando Fagundes, sugerindo que após ampla análise do dossiê anexado providencie para que da orçamentação do exercício de 1998 conste dotação específica...
20. 01/04/1998 – O morador Antonio Carlos Estevam é escolhido Representante do bairro para a Audiência Pública do Orçamento Participativo, com Câmara Municipal de Ubá e FEMAC (Federação das Associações Comunitárias).
21. 12/04/1998 – O Tribuna Regional publica longa cobertura do evento, inclusive com entrevistas e fotos dos representantes do Santa Terezinha e bairros limítrofes.
22. 18/05/1998 – O morador Representante recebe cartão do então presidente da Câmara, vereador Geraldo Calçado, convocando-o... “com direito a voz e voto”.
23. 31/05/1998 – “O eminente vereador Nando Fagundes deu entrada em seu parecer sobre o projeto de autoria do executivo que estabelece diretrizes para o Orçamento Público Municipal 1999 em Ubá, dentre elas a obrigatoriedade de inclusão, no Orçamento, das prioridades votadas nas Audiências Públicas, fórum acontecido no dia 27 último” diz a reportagem à página 5 do Tribuna Regional.
24. 13/01/1999 – Em novo Ofício ao então prefeito Narciso Michelli os moradores realizam nova cobrança, citando a reportagem acima.
25. 10/06/1999 – Os moradores, via Ofício, rogam à Câmara Municipal a inclusão da ‘re-re-reivindicação’ no Orçamento Público para o ano 2000.
26. 29/07/1999 – Citando a máxima de Lair Ribeiro – “Conhecimento não é acúmulo de informação; é competência para agir” –, novo Ofício de cobrança é dirigido ao então prefeito Narciso, desta vez, representando os moradores o da casa de número 77, Elton Carneiro de Oliveira (fica aqui a nossa homenagem póstuma), quem assinou.
27. 09/07/2002 – Protocolado na PMU Ofício de “cobrança” ao então prefeito Antonio Carlos Jacob, lembrando-o de que na Audiência Pública realizada na Escola Cesário Alvim, ele, como vereador, pessoalmente analisou o “dossiê” e prometeu, uma vez prefeito, atender nossa reivindicação. A correspondência teve como um dos signatários o jornalista Paulo Xavier Pereira, então morador da casa número 206 e que hoje habita o condomínio Jarbas Lana.
28. 12/07/2002 – É a data do Of.GP.0356/02, assinado pelo prefeito Antonio Carlos Jacob, dizendo realizar “dentro em breve” a melhoria...
29. 23/06/2003 – A Câmara aprova por unanimidade a indicação n. 225/03 do vereador Célio Botaro, rogando expedir correspondência ao Prefeito Antonio Carlos Jacob dizendo tratar-se de “reiteração de pedido já inúmeras vezes apresentado à Prefeitura...”
30. 18/10/2003 – Encaminhado ao Prefeito Antonio Carlos Jacob novo ofício cobrando... transcrevendo-se nele trecho da reportagem do hebdomadário local O Noticiário, edição de dois dias antes: “A Secretaria Municipal de Planejamento entregou na terça-feira, 30 de setembro último, à Câmara..., a Proposta Orçamentária para 2004 (...). (...) é a captação de águas pluviais e asfaltamento (...) ‘onde temos a verba marcada’ (...) Dentre as principais ruas estão a Alencar Carneiro Viana (...), a Tenente Coronel Assis Ataíde (Bairro Santa Terezinha)... O Secretário Municipal de Planejamento Édson Teixeira Filho acrescentou que a partir de janeiro de 2004 as prioridades já começarão a ser executadas”... Um dos signatários foi o saudoso morador da casa 123, Marcos Azevedo Ervilha.

Lembramos que inúmeras mensagens por fax se apagaram; telefonemas nunca foram anotados; contatos pessoais de moradores com políticos e prefeitos, idem; muitos envios à imprensa foram ignorados... Mas de 2004 em diante as cobranças continuaram acontecendo. E o comparecimento às Audiências Públicas por representante da rua, também.

Nos últimos anos passamos a confiar sobretudo ao vereador Cláudio Ponciano as nossas reivindicações. Até que neste ano de 2010 ele nos assegurou que, tendo já tomado pé a Administração atual, a qualquer momento seriam iniciadas as obras. Propôs acompanhar nossa Comissão de Moradores que, atendida pessoalmente por Sua Excelência o senhor Secretário de Obras, Dr. Iran Curi, e apresentando-lhe e ao seu imediato Tião Viana, em forma de libreto, encadernadas as peças que historiavam nossa reivindicação de 23 anos, conseguiu sensibilizá-lo. A ponto de dias depois a dupla comparecer à residência de um morador (da casa 205) que integrara a comitiva. Ratificou a promessa de “muito em breve” as obras terem início, o que aconteceu poucos dias depois.

Assim, os moradores da rua Tenente Coronel Assis Ataíde estão vivendo, há algumas semanas, um misto de “desagradável chuva ‘permanente’ de poeira” com a doce satisfação da realização de um sonho trintenário, representado pelo – ora sendo implementado – asfaltamento do logradouro precedido do necessário trabalho de captação de águas pluviais. Compartilham desse sentimento os habitantes do Condomínio fechado Jarbas Lana, aos quais a melhoria está sendo estendida, graças a terem integrado a mesma luta, louve-se o desmedido esforço da professora Nilce Machado Alfenas, da Rua Luiz Gomes Martins (casa n. 96).

Nossos profundos agradecimentos à honrada e profícua Administração Municipal 2009/2012 desta Cidade Carinho!

(*) Antonio Carlos Estevam, membro efetivo da Academia Ubaense de Letras, sucessor de Sílvio Braga na cadeira n. 21, é morador da casa número 205

sábado, 3 de julho de 2010

"NO BRASIL, FUTEBOL É RELIGIÃO"

TRANSCREVO MENSAGEM RECEBIDA EM MEU E-MAIL:

ISTO SE CHAMA LUCIDEZ!!!

No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos atual campeão paulista de futebol foi a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.

Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a), todos ídolos super-aguardados.

O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.

Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.

Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto "No Brasil, futebol é religião", que está transcrito a seguir.
____ _________ _________


No Brasil, futebol é religião

(por Ed Rene Kivitz)

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.

Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.


Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho

sexta-feira, 4 de junho de 2010

MANOEL BRANDÃO NO GAZETA REGJORNAL - PARA QUEM NÃO LEU...

LEMBRANDO QUE NO DIA 02 DE JUNHO MANOEL TERIA COMPLETADO 68 ANOS...

É SÓ ACESSAR O LINK :

http://www.gazetaregjornal.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=265:luto-na-academia-ubaense-de-letras&catid=34:cidade&Itemid=54

quinta-feira, 3 de junho de 2010

ACADÊMICO ANTONIO QUEIROZ - DISCURSO DA POSSE NA AULE

Discurso de Posse

A palavra que melhor define a minha fala nesta noite é “agradecimento”. Agradecer hoje a noite é o meu dever de ofício, dever de acadêmico, dever de cidadão,

Alguns povos, principalmente os Africanos, quando iam fazer ou assumir algo muito importante, recorriam às suas divindades e antepassados. É por isso que neste momento, faço meu primeiro agradecimento e peço ajuda ao onipotente criador, o Deus supremo autor da vida. Agradeço também a todos os entes queridos que já estejam no plano eterno da vida, especialmente meu pai, grande incentivador.

Senhores é grande a alegria que me reveste neste momento ímpar. Obrigado, de coração, a todos os que aqui vieram, aos meus familiares, meus amados filhos, razões de todas as razões da minha vida, ao Adjalma, figura importante nesta minha trajetória, aos inúmeros amigos que de certa forma fizeram parte desta história, em especial ao Norton e ao Paulino Caiaffa por ter me socorrido num dos momentos difíceis, a Sandra companheira nos momentos difíceis, aos meus professores, à professora Luciana, ao Ivan, ao Ângelo Gabriel, à gráfica Imprime e à Gráfica Suprema. Um agradecimento especial ao Hospital Santa Isabel, na pessoa do seu diretor Fabiano dos Santos e da Administradora e Vereadora Sra. Rosangela Alfenas pelo apoio recebido, ao meu amigo Bráulio, que me homenageou com esta brilhante interpretação. Ao parceiro Hésio, pelas suas belas palavras. Também agradeço a todos os membros desta Academia, especialmente o seu Presidente, acadêmico e Maestro Marum Alexander, que indicou-me para esta agremiação.

Quando vejo a minha primeira professora, irmã e madrinha Maria, que me alfabetizou na Escola Municipal Laurindo Moreira, na Parada Moreira, me ensinando muito mais que ler, escrever e fazer contas. Ensinou-me a fazer a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. Prof. Dona Elazir Carrara, professora do curso de admissão, que estão presentes nesta noite. Com esses nomes faço representar os demais professores que tive e que por diversas razões não puderam estar presentes, meus sinceros agradecimentos.

Desta forma, sinto a forte lembrança do início de tudo, a origem, a motivação que me fez chegar até este importante momento, com toda certeza, deveu-se aos Professores e Professoras. Mas tudo isso, ainda seria pouco, se não tivesse a base sólida da família e dos amigos donde tirei forças para continuar nos momentos de dificuldade e com quem compartilhei as vitórias.

Família simples, todavia, as lições de vida, de coragem, o exemplo dado por meus pais, são os norteadores da ética como um todo. Seus conselhos ainda ecoam: ser honesto, trabalhador, humilde e procurar “ser gente”. Papai, mamãe, é uma felicidade tê-los como pais. De simples comerciante na Parada Moreira essa foi a trajetória do Senhor Tão Queiroz, meu pai que ao lado de sua companheira incansável D. Neném, minha mãe constituiu a família, da qual sou o quinto de cinco filhos.

Vencedores, os dois nos contagiaram com sua vontade e determinação.
Além da bela família que tenho, tive a sorte de contar com a amizade de um grande homem, cuja influência sobre mim foi das mais positivas. Rosalvo Braga, mas do que um amigo, um sexto irmão.

É essa rede de sentimentos e ações que faz com que nossos objetivos sejam alcançados e o universo conspire a nosso favor. Nunca imaginei que esse longo caminho me levasse a ocupar tão importante posição, do qual muito me orgulho. “Membro da Academia Ubaense de Letras”. Fundada em 29 de Julho de 1983 pela saudosa professora Maria Clotilde Baptista Vieira. Entre os intelectuais presentes na ocasião, estava minha querida tia e poeta Guiomar de Queiroz Pereira que mais tarde ocuparia a cadeira nº. 04. Oriundo que fui de escola pública, nunca encontrei estradas largas e pavimentadas, mas aprendi a abrir caminhos e seguir em frente e com essa persistência tenaz, chegar a tal momento.
É praxe que cada acadêmico ao tomar posse, recorde seu antecessor, portanto, a cadeira que passarei a ocupar a partir de então quis o destino que fosse a de nº.18, que foi ocupada pelo acadêmico Rosalvo Braga Soares tendo como patrono seu avô Paulino Soares. Nascido em Ubá. Jornalista, caricaturista e poeta, deixou vasta obra esparsa. Fundador, redator, desenhista dos jornais: O Cinzel, Sileno e O Orvalho.

Meu antecessor, Rosalvo Braga...

Impecável exemplo de cidadão atuou como educador, bancário, escritor, pesquisador, historiador, poeta, articulista, copydesker, ghost writer, autor de diversas obras, escreveu peças de teatro, roteiros de espetáculos musicais, crítico literário, grande admirador da cultura popular, escreveu sambas enredo, jingles e trilhas sonoras para teatros, seu talento lhe rendeu o titulo de Cidadão Honorário de congonhas em 1977, assim como a Comenda Ary barroso em 1999, seguida da Comenda Ferolla Durso em 2000 em Ubá. Faleceu em setembro de 2009 deixando um conjunto de obras, além de duas inacabadas, que retrata parte da história de Congonhas, e outra que retrata a história do Cárcere Clube de Ubá. Recentemente no dia 12/05/2010 a Escola estadual Michael Pereira de Souza em Congonhas prestou-lhe uma homenagem com um trabalho totalmente dirigido à sua trajetória cultural. Também em Congonhas O Festival Cultural de Inverno terá o nome de Rosalvo Braga, A Praça da Romaria (importante Centro Cultural em Congonhas e patrimônio histórico da referida cidade, já tem o nome de Rosalvo Braga com a aprovação unânime de membros políticos e culturais. “Um certo Antônio” não é somente uma biografia, é um poema de bom mineiro e um texto histórico. Rosalvo sempre preservou a capacidade de enxergar o futuro oferecendo sua plena capacidade profissional e intelectual aos serviços educacionais e aos amigos. É dessas pessoas que cruzam nosso caminho para acrescentar, iluminar. Passamos juntos bons momentos da minha vida, quer nos campos de futebol defendendo as cores do time do Santo Antônio, ou dividindo mais tarde um apartamento em Belo Horizonte, junto aos amigos Paulininho e Antonio Carlos Campolina. Este filho do Professor José Dias Campolina que também foi membro da Academia Ubaense de Letras ocupando a cadeira nº 24. É desta época que guardo as mais ternas lembranças do amigo Rosalvo Braga.

Para finalizar, peço permissão para ler uma citação de Charles Chaplin:

JÁ FIZ COISAS POR IMPULSO
JÁ ME DECEPCIONEI COM PESSOAS,
QUANDO NUNCA PENSEI ME DECEPCIONAR,
MAS TAMBÉM DECEPCIONEI ALGUÉM.

TIVE MEDO DE PERDER ALGUÉM ESPECIAL (E ACABEI PERDENDO)
MAS SOBREVIVI
E AINDA VIVO
NÃO PASSO PELA VIDA...
E VOCÊ TAMBÉM NÃO DEVERIA PASSAR.
VIVA!

BOM MESMO É IR A LUTA COM DETERMINAÇÃO,
ABRAÇAR A VIDA E VIVER COM PAIXÃO,
PERDER COM CLASSE E VENCER COM OUSADIA,
PORQUE O MUNDO PERTENCE A QUEM SE ATREVE
“ E A VIDA É MUITO PARA SER INSIGNIFICANTE”

OBRIGADO

ESTEVAM - POSSE NA AULE EM 2005

A C A D E M I A U B A E N S E D E L E T R A S
Sábado - 26NOV2005 – 17 h
Salão de Eventos da Sociedade dos Viajantes
Av. Cristiano Rôças, 240 - térreo - Ubá-MG

Sessão Solene e Lítero-Musical de posse aos seus neo-acadêmicos:
José Altivo Brandão Teixeira, Ary Rosignoli, Rosa Serrano, Aparecida Camiloto, Antonio Carlos Estevam, Milton d’Avila, Namir Emygdio, Célia e Celma Mazzei, Prof. Joaquim Carlos, Dimas Dario Guedes, Ruy Andrade, Miguel Gasparoni, Marcirni Moura e Cláudia Condé.

Breve pronunciamento* do neo-acadêmico
ANTONIO CARLOS ESTEVAM
Sucedendo o escritor Sílvio Braga,
na Cadeira n. 21 - patrono: Jornalista Otávio Braga

* O pronunciamento ficou para a reunião da Academia, sendo utilizados apenas 5 minutos para um breve resumo dele, na Sessão Solene

Ilustre professor Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras, nosso patrono; nobre diretoria; acadêmicos e neo-acadêmicos, autoridades presentes, imprensa, distinta platéia.
Agradeço a Deus e àqueles que viram em mim mérito para esta honrosa diplomação. O sentimento que ora me invade a alma é de raro contentamento. Entre os que se sentem iguais, aí brota a alegria. São fontes perenes de alegria pura o bem realizado e o dever cumprido. A vida revela-se ao mundo como alegria que há no jogo dos matizes, na música das vozes, na dança dos movimentos. Quem nunca viu a tristeza não reconhecerá a alegria. Devemos acender vela sim, mas não amaldiçoar a escuridão. E alegria compartilhada é dupla felicidade. A alegria vem da paz que é conseqüente da vitória, que por sua vez exige contínua luta. A alegria não está nas coisas, senão em nós.
O jornalista Otávio Braga, brilhantemente escolhido para meu patrono, o que muito me honra, deixou vasta obra poética inédita, além de publicar dois livros, inclusive novela. Nascido em 1917, morreu vítima de tuberculose aos 32 anos. Estudou no Colégio Raul Soares. Trabalhava no Banco de Crédito Real. Do livro Antologia Literária Ubaense, lançado por esta Academia em 1986, destaquei, dentre as várias poesias assinadas por Otávio Braga, o soneto intitulado Solidão. A mensagem contrasta com a minha reflexão acabada de fazer sobre Alegria. Vejamos:
“Oh, ter que reprimir, sufocar o desejo / de viver, e domar do instinto a força imensa; / saber que existe a luz – e estar na treva densa; / ver morrer de esperança o último lampejo... // Curtir angústia e tédio a alma que vibra e pensa; perder, em luta inglória, o derradeiro ensejo / de ser feliz; tombar de um majestoso adejo / que era sonho, era vida, era amor, era crença... // E ter que prosseguir: rastejar, carregando / essa cruz de martírio até onde, até quando, / se em redor só tenho escuridão e pó? // Oh, deixem-me clamar a minha desventura! / Ouçam-me, por favor, sem riso, sem censura: / - Saibam que eu estou só, amargamente Só!”
Por último, vou falar rapidamente do escritor Sílvio Braga, a quem tenho a honra de suceder na cadeira n. 21 desta Academia. Um caso raríssimo: Sílvio Braga, que faleceu em 5 de agosto de 2003 aos noventa anos, não dependeu de freqüentar escola além do quarto ano primário para se tornar um professor respeitado e um escritor profissional. Com ele tive a honra de manter estreitíssimo laço de amizade, precisamente nos seus últimos cinco anos. O tempo aqui não me permite nem mesmo um breve resumo da vida de Sílvio Braga. Por isso, vou encerrar a minha fala com a leitura de dois textos: o primeiro, que publiquei no jornal Tribuna Regional quando conheci Sílvio Braga em 1998; o segundo, publicado no jornal O Noticiário, foi a homenagem post morten prestada por outro grande escritor, Rosalvo Braga ao seu tio Sílvio.
Passo à leitura do primeiro texto, de minha modesta autoria.

UM DIA DE GRAÇA
Antonio Carlos Estevam


Assim foi, para mim, aquela inesquecível terça-feira de céu infinitamente azul. Coincidência ou não, eu, que nunca fui, como não sou, apologista da astrologia, já lera no jornal, bem cedinho - por acaso, creiam - no meu horóscopo do dia (18/8/98), algo que sinalizava com a grata surpresa.
Ainda suado da caminhada que regularmente faço pela manhã, percebi, de longe, enquanto subia a minha rua bem inclinada, a presença de um octogenário, ainda mais franzino que eu, a gesticular, deixando um recado com a nossa secretária do lar: "... diga ao patrão que o Sílvio esteve aqui...".
A imagem, que eu gravara na mente, da fotografia do autor de "Quando as Nuvens Passam..." (romance de quase 400 páginas, produção literária independente e de elevado padrão internacional), o retrato dele que o livro traz logo na terceira das 96 páginas que eu já lera, assegurou-me, sem dificuldade, que era exatamente aquela pessoa que agora eu tinha bem à minha frente, desta feita em carne e osso.
Aí, eu que continuo a julgar-me indigno duma amizade tão especial, ainda que viesse a obtê-la por iniciativa minha, dava agora com a confirmação de que fora ele mesmo, o meu mais novo Amigo, quem me remetera aquele áureo presente juntamente com "Um Rosto de Luz", este de 630 páginas, ambos impressos pela editora O Lutador.
Como já o imaginara uma pessoa de hábitos simples, não me surpreendi ao dar com um ser humano de uma beleza interior raríssima: uma pessoa dócil, emotiva, despida de um pedantismo que não julgo ser raro nos profissionais do gênero.
Foi aí que lembrei-me de quando, lá no verdor das minhas 16 primaveras, chateado com a atitude de alguns dos meus sete irmãos, ainda mais jovens que eu, que sem motivo válido tendiam a abandonar a escola, cunhei - de maneira bem visível, no desgastado reboco exposto da parede, bem na entrada da pequena sala do barraco que nós dez habitávamos (meus pais, com oito filhos) -, pela primeira vez, um pensamento próprio. Lembro-me bem de que a expressão, colocada entre aspas e seguida da minha rubrica entre parênteses, dizia: "A educação só é autêntica quando torna o homem mais humilde".
Tinha, agora, trinta e um anos depois, a mais autêntica confirmação jamais vista, daquilo de que, quando concluí o curso ginasial, nos idos de 1967, já me dera conta.
Resta-me - pensei - e sinto que estou consciente disso, a responsabilidade de provar, para mim mesmo, que os meus 47 anos já vividos não o foram em vão. Mas como? Conduzindo-me, na vida, de modo a fazer jus a esta benesse com que o Criador me presenteou: a amizade de uma figura divinal - O ESCRITOR SÍLVIO BRAGA. UBÁ-MG, AGO/98

Agora, permita-me o escritor Rosalvo Braga proceder a leitura do texto de sua autoria:

Noventa anos de azul nos olhos de um homem de bem
Rosalvo Braga (*)


Pelo final dos anos 20, começo dos 30, circulou no Córrego dos Braguinhas um jornal chamado Folha Rural. O redator, rapazinho magrelo, acaba de ser o mais peralta aluno do Grupo Escolar “Cel. Camilo Soares” e já se introduzia no mundo adulto, fazendo-se figura profundamente humana, alma encharcada de sensibilidade que botava para boiar um par de olhos de límpido azul.
A tiragem do jornal se constituía de um exemplar, único. De grafismo impecável e variado, o comunicador dava leiautes diferentes às matérias, singularizando o aspecto de cada seção. Já que jornal carece de leitor, o pai da obra corria os arredores, casa por casa, nelas ficando o tempo necessário para o mais sabido da família saborear a leitura em voz alta, modo de repartir as notícias, o pão da convivência.
Nestes agoras, em que o mundo se converte na proclamada aldeia global de Mc Luhan, inimaginável a atividade um tanto medieval daquele rapazola que haveria de ser essa entidade chamada Sílvio Braga.
Homem de nunca se preocupar com a cultura balofa dos pernósticos ou com a erudição instrumental dos mercenários, Sílvio foi filtrando pelo azul dos olhos o que clamavam a brandura da alma receptiva, o desassossego do espírito indagador.
Na escolaridade, ensinamentos das professoras Ivone de Luca, Áurea de Azevedo, Alaíde Pimenta, Emília Trevizano. A partir daí, autodidatismo de garimpeiro do saber. Cada novo conhecimento – ah, meu Deus! – cada instrução adquirida leva-o à contemplação do Poder Maior.
Em Sílvio isto é notório: criatura reverenciando o Criador. Não se procure nele o praticante de uma religião definida, porque o que se há de encontrar é a efervescência de um sentimento além, mais alto, mais etéreo, sempre em direção ao supremo alvo: a religiosidade pura, sem os atavios das manifestações catalogadas.
Peregrinando pelos terrenos da imaginação, essa santa figura de Deus acabou se metendo em vestes de demiurgo. É isto: na cadência do dia-a-dia, Sílvio cria seu mundo, enreda pessoas e distribui papéis para o teatro de desbragada fantasia.
Espontâneo, fluído, prodigioso na tessitura de seu cosmo, ele graceja como se, de pessoas reais, desentocasse uma fieira de personagens, verdadeiro pandemônio para quem não está habituado a disparates.
- Cristina, prometida há dezoito mil anos!
Que isso significa, meu Deus? Sabe ele, somente. Se souber. Ele dá apelidos, ele atribui funções, ele articula relações, ele é o elo achado na corrente de perdidos devaneios, polimento no nudismo da criação. E é por ela, e é para ela que ele se dirige, solene candeeiro de sua própria carga.
Não por menos, é romancista. “Quando as nuvens passam...” publicado; outros, em andamento, dão substância fática aos ares das possibilidades.
Há doze anos resplandeceu “Um Rosto de Luz”. Livro. Melhor: enciclopédia. A respeito, palavras do Dr. Ary Gonçalves: “Uma variedade de ensaios que vão desde a medicina até a lingüística, revelando o saber e a cultura do autor. Seu magnífico livro foi um marco significativo na literatura de nossa terra e o considero o mais importante entre os cinqüenta que a Academia divulgou”.
Nunca deixou de escrever e, por escrever, nunca deixou de estudar. Áreas do delicado percurso – como a estilística, de que se fez teórico e praticante – são objeto desse estudioso senhor. Senhor? Quem se aproxima dele o trata assim. Pela idade, reverência, mas, ó incoerência, se na intimidade ele é o mais moleque da roda.
Sílvio é exemplo – e esperança – de que a juventude pode ser alcançada não apenas com a primeira chuva dos anos, mas também ao longo de bátegas de décadas. Adolescente, achaques lhe negavam normal desenvolvimento; só à distância do começo convencional teve atividade regular. Varou, no entanto, os anos de trabalho para chegar inteirinho à aposentadoria. E alguns deu ainda de lambujem.
Saúde à exuberância, com o seu Atlético seguiu por longínquos estados, até países; com o seu Bonsucesso, tanto seguiu quanto conduziu. Há não se sabe quanto tempo, andarilho contumaz de quilômetros e quilômetros todo dia, alheio ao modismo que empurra sedentários cidadãos para as caminhadas: precursor na prática, alegria de cobrir o chão de Ubá, de Belo Horizonte, surdo aos reclames dos produtos esportivos, de costas para a batuta de cardiologistas – ele, tão por si a empunhar a bandeira de seu exato gosto.
Conviver com Sílvio é uma experiência espetacular. Sílvio tem qualquer coisa em si como se, à vizinhança de sua aura, a própria aura se converte em tocada lâmpada de Aladim ou, mais à magia destes tempos, miraculosa tecla destinada a satisfazer desejos. Para tantos e tamanhos cuidados, eis Sílvio Braga.
No trato com a família, a estupefação de quatro gerações dos Bragas, fascinadas em torno de um coração manso, inteligência cintilante, alma generosa, espírito pândego – figura inapreensível. Homero Braga está certo: ele é o Notável.
Tímido, com alma girândola, intui Deus, bebe cachaça, escreve tratados, sublima o esporte, se compraz na fala de gente simples. E alto, sempre alto, invariavelmente de braços erguidos a catar e a cantar o grandioso dos atos na confraria dos irmãos.
Sílvio, essa explosão de valores, esplêndida festa do Gênero Humano. Este homem, meio anjo, meio moleque, é alguma coisa que a gente gosta de ter às mãos e que, por motivo que ele bem compreende, se escapa das nossas amorosas mãos feito cantante de água de bica.
Ele é um pedaço do mundo bom. Na quietude de seus olhos, meu amado tio Sílvio, como o azul fica bonito.
Sílvio Braga
(01.03.1913 – 05.08.2003)
• Rosalvo Braga Soares é escritor, crítico literário e prof. universitário, ubaense residente em B.H.

Caro Mestre e Nobre Acadêmico,
mesmo tendo sido extemporâneo, fiquei sabendo, mas não pude comparecer.
Agradeço pela lembrança do convite e parabenizo-lhe pela horaria.
"Encontra o sucesso quem acredita nos seus sonhos
e se empenha para transformá-los em realidade."
Autor desconhecido
Abraços
Chopin

----- Original Message -----
From: ANTONIO CARLOS ESTEVAM
To: apcef
Sent: Saturday, November 26, 2005 8:04 AM
Subject: Enviando email: AULAC convite

Não repare a intempestividade da mensagem. É que eu estava viajando.
HOJE É O DIA DA POSSE DOS NOVOS MEMBROS DA
ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS,
ORA VOLTANDO A FUNCIONAR, SOB NOVA DIREÇÃO.
CONFIRA AÍ O CONVITE E VEJA O MEU NOME NA RELAÇÃO DOS NEO-ACADÊMICOS.

QUE HONRA!!!
Suponho que será uma bela cerimônia.
Haverá coquetel, que já está pago, acesso franqueado a quem estiver presente.
Não tem convitinho pAra entregar na porta, você chega e entra.

Estevam,
Parabéns pela posse...
Se tivesse chegado mais cedo, quem sabe não teria mandado uma representante...
Brincadeira a parte, mas é que minha gatinha, a Liliane, que faz Ciências Biológicas, estava aí em Minas, mais precisamente em Caxambú, participando de um congresso.
Um abraço
Sílvio Dantas – Recife, 27/11/2005

Meu caro Estevam,

Não é surpresa para mim a distinção que estão fazendo a você, sempre produtivo e engajado no processo social onde convive e, também, sempre competente!

PARABÉNS!
Paulo Roberto de Aguiar – Salvador, 28/11/2005

Parabéns Antônio Carlos Estevam 2005-12-02 13:20:13 Sandra Freitas

» PicStudio » Banco de Mídis
28 leituras

Parabéns
Antônio Carlos Estevam

Hoje, sexta-feira, dia 25 de novembro de 2005, no salão de eventos da sociedade dos viajantes, lá em Ubá, no centro da Zona da Mata Mineira, o escritor Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras, falará sobre sua experiência como adido cultural do Brasil em Lagos, na Nigéria e, sobre a influência da cultura negra em sua obra, em palestra comemorativa ao dia municipal da consciência Racial.

Também acontecerá a posse na Academia Ubaense de Letras – Casa de Antonio Olinto, do nosso amigo escritor Antônio Carlos Estevam que publica entre nós no Planeta Literatura – www.planetaliteratura.net .

Nós do Planeta Literatura
deixamos aqui os nossos
PARABÉNS
ao amigo
Antônio Carlos Estevam
por mais esta vitória
e reconhecimento de seu trabalho.

Sandra Freitas.

Envie o texto para um amigo - Outros textos do autor

Fale com Sandra Freitas

Parabéns aqui da terra da garôa. Grande abraço

Clésio Boeira da Silva - 2005-12-02 13:39:54
Parabéns, irmão!
Um abraço do tamanho aqui do Rio Grande do Sul!
Abs
Clésio

ACADÊMICA MIUCHA TRAJANO - DISCURSO DE POSSE NA AULE - BREVE RESUMO

Estevam, minha fala foi pequena e nela constou:

"Quero agradecer a todos os acadêmicos que acataram meu nome como membro intregrante desta Casa. Em particular agradeço ao meu amigo/irmão Hezinho Andrade e ao meu amigo/professor e condutor de minha carreira musical o Maestro Marum Alexander.
Minha responsabilidade ao tomar assento na cadeira de nº 15 cuja patrona é Leocádia Godinho e Siqueira, uma mulher muito à frente de seu tempo, onde na época as mulheres eram devotadas ao fogão, dona Leocádia era devotada à Educação e a Política.
Minha responsabilidade é muito grande, justamente por ter sido agraciada com esta honraria e prometo fazer jus a este título que me confiaram. Muito obrigada e continuo meu agradecimento cantando para todos."

A partir daí, Estevam, cantei duas músicas.

Um forte abraço,
Miúcha

ACADÊMICO CLEBER LIMA - DISCURSO DE POSSE NA AULE

Discurso para posse na Academia Ubaense de Letras
Cléber Lima da Silva (em 29 de maio de 2010)

É com muito orgulho que nesta noite memorável, assumo uma cadeira como membro-efetivo da Casa de Antônio Olinto. Recebo e participo deste ato como um homenageado que cresce - se agiganta - e alcança o simbolismo do gesto fraterno e generoso que partiu da iniciativa deste invejável patrimônio cultural ubaense, chamado Maestro Marum Alexander e teve a anuência unânime dos confrades.
Dizia meu pai: “homenagem não se pede, mas também não se recusa”. E aqui estou Senhoras e Senhores, em incontida alegria e sob juramento (jamais pecarei por perjúrio!), pronto a unir os esforços para dar prosseguimento ao trabalho institucional: essas batalhas sem trégua em benefício da Cultura. Contem, pois, com nossa solidariedade. Serei mais um soldado desta causa.
Por isso que minhas primeiras palavras são de agradecimento. Obrigado pela distinção. Obrigado pela confiança e pela oportunidade que me dão em poder participar ombro a ombro com os lídimos representantes da intelectualidade ubaense, a serviço do desenvolvimento educacional, social, artístico e cultural de Ubá, interagindo com outros municípios.
Esta Casa me é familiar. Ao longo de minha vida convivi com muitos de seus integrantes que honraram e dignificaram esta Academia e deixaram não só a saudade, mas o exemplo de luta, de trabalho e de conquistas para esta terra de São Januário e toda região. Isto porque cultura não tem raias limítrofes e nem é ato isolado ou individual. As pessoas que possuem uma identidade cultural são levadas pela própria natureza a lidarem umas com outras, atraídas que são pelo ideal comum. Essa chama ardente que nos faz irmanarmos em torno de uma causa nobre! Daí, o entrelaçamento, a união, a confraria em mãos dadas. Assim, vivendo intensamente o nosso tempo, estamos edificando obra para a posteridade.
Por isso que esta Casa me é familiar. Tive a felicidade e o privilégio de desfrutar da amizade; de visitar e de receber visitas, de dialogar e de aprender lições – inesquecíveis lições - de vida com exemplos de honradez, coragem e determinação de imortais – acadêmicos e/ou patrono - como a Professora Clotilde Vieira, como Dr. Ari Gonçalves, como Dr. Palmyos da Paixão Carneiro, como Dr. Floriano Peixoto de Melo, como Dr. José Campomizzi Filho e como o radialista Francisco Xavier Pereira.
Já nasci íntimo desses baluartes de nossa História contemporânea, em razão do intercâmbio existente entre as famílias que priorizavam e cultuavam a amizade como sagrado princípio das relações humanas. É um pilar sobre o qual se erguem a Ética e a Moral e se constitui em legado valioso: o maior patrimônio que se deixa para os pósteros. Graças a Deus, sempre soube usufruir desse espólio inesgotável que preservarei para os filhos.
Se por ventura estranhassem essa relação pelo fator cronológico, porque pertencíamos a gerações distintas; se me perguntassem se sou do tempo deles; eu responderia com a mais cristalina certeza que essa plêiade de intelectuais chegou ao final de vida, conservando vigor juvenil. Gente assim, dessa magnitude, pertence a todas as épocas. São senhores do tempo. Eis que ainda vivem em nosso pensamento: estão aqui e agora e se eternizaram pela obra deixada.
Irrequietos, idealistas, inconformados, sempre eles queriam mais e mais e melhor; não para si, claro, mas para a sociedade. Esta cidade era a motivação, a razão de luta e de defesa intransigente, que costumava resultar em incompreensões. E daí? Eram incorrigíveis. E por sorte nossa, fizeram escola! Para identificar seus discípulos não é necessário sair deste recinto, pois estes se encontram no seio da própria Academia. É a mágica da perfeita simbiose do aprendiz, às lições do mestre; assimilada da convivência harmônica e inserida no processo histórico a assegurar a sucessão de valores imateriais. Pode-se denominar isso de a imortalidade da Cultura, de seu cerne, de sua alma. Ai de nós se não fosse assim. Os homens e mulheres desta instituição farão com que o sol continue a brilhar amanhã. Recebemos exemplos e temos que deixar exemplos. É o compromisso de nossa passagem.
Estavam esses nossos referenciais, sempre começando algo, criando, elaborando. Eram procurados e, portanto, podendo ser úteis, participando da comunidade, dando vida a feitos e movimentos. E com isso, não podiam envelhecer. Ao contrário rejuvenesciam a cada projeto que ganhava corpo. Era um desafio perante a História, eis que eles viveram intensamente cada minuto como se não pudessem perder tempo. Os paladinos da cultura precisavam desbravar, de abrir picadas e pavimentar o nosso caminho. A estrada para esta e para as futuras gerações percorrerem com segurança e poder chegar à reta final, como quem está começando, como certos jovens que conheci chamados por D. Clotilde, Dr. Ari, Dr. Palmyos, Dr. Floriano, Dr. Campomizzi Filho e Xavier Pereira, que semearam a esperança e deixaram para nós outros, os frutos de um trabalho profícuo em prol da cultura de nosso povo.
Não, não há, nunca houve e jamais haverá conflito de gerações entre os idealistas. Ora, idade... Quantos nasceram e envelheceram sem nunca terem sido jovens? Quantos velhos, que nunca deixaram de ser eternos moços e moças.
Esta Casa me é familiar, porque era também a Casa de José Lima da Silva, membro-efetivo da Academia Ubaense de Letras, advogado, professor e escritor. Meu pai tomou posse na AULE no mesmo dia que o imortal Rosalvo Braga, recentemente falecido.
(E aqui, abro parênteses como um preito post mortem. Uma justa homenagem. A partir daquele instante da posse, Rosalvo se tornou amigo da família e começou se relacionar com troca de telefonemas, e-mails, correspondências, livros e artigos para o jornal “Voz de Rio Branco”. Também por causa desse intercâmbio cultural com Rosalvo, esta Casa me é familiar. E, por via de consequência passei a desfrutar da amizade com o recém-empossado confrade Dr. Antônio Queiroz, protagonista de “Um certo Antônio”, livro que o amigo comum, Rosalvo, escreveu, retratando sua exemplar trajetória).
Quando caminhava pelo centro de Ubá em companhia de meu pai, ficava admirado de vê-lo parando, todo momento, com velhos colegas de escola ou de futebol. Ele quando em tenra idade morava aqui. Filho de fazendeiro, meu pai nasceu nos limites de Rio Branco, Guiricema e Sapé (Guidoval), vindo ainda criança para estudar o curso primário no Colégio Brasileiro e depois no Ginásio S. José. Meus irmãos e eu crescemos ouvindo falar em Dr. Fecas, em Dr. Jacinto Soares de Souza Lima e na Associação dos Ex-alunos do Ginásio S. José e em tantos outros seus professores e colegas de escola.
Entre tantos casos acontecidos aqui com o jovem José Lima, pelo menos dois, os que ele mais gostava de recordar, peço licença para contar.
O primeiro ocorreu na Revolução de 1930, quando ele que contava com 13,14 anos e ouviu os estrondos de um bombardeio aéreo sobre esta cidade, fazendo com que a população evacuasse a zona urbana, indo procurar refúgio nas fazendas da circunvizinhança. Ele juntamente com uns três ou quatro colegas, percorria as ruas de uma cidade deserta à procura de revolucionários para que pudessem se alistar e também participar da Revolução. Espírito de aventura ou arroubos da pré-adolescência, diria ele mais tarde para os filhos, dando o exemplo dos impulsos próprios da idade. Um professor vendo os meninos perambulando sozinhos, logo após o ataque que se tornaria histórico, e na iminência de ocorrer outro atentado, os removeu da ideia, dando-lhes cobertura e os mandando para a fazenda do pai. A intervenção do mestre serviria para exemplificar a ponderação e a experiência que se adquire com o tempo.
O segundo caso o coloca como um privilegiado, pelo talento com as bolas nos pés, que o levaria ao profissionalismo do futebol belo-horizontino de seu período universitário. Com alegria contava que aos domingos, quando todo meninos internos eram obrigados a permanecer no Ginásio São José, seu professor e durante toda vida amigo fraternal, Dr. Ari Gonçalves, chegava de carro de praça para buscá-lo. Iam direto para o campo do Aymorés, onde o jovem Zé Lima defendia a camisa azul da agremiação que só deixava de torcer quando em confronto com o Nacional, de Rio Branco.
São passagens pitorescas que marcaram uma vida. Na verdade meu pai nunca perdeu o contato com Ubá mesmo morando em Rio Branco, onde, lembro-me, ele assinava os jornais tradicionais de Ubá: a “Folha do Povo”, a “Cidade de Ubá” e “O Kanivete” (O mais procurado). A gente cresceu lendo as notícias daqui e se familiarizando com suas coisas e sua gente. Para se ter ideia, quando quero me referir à Rua Cel. Carlos Brandão eu falo Beco do Padilha, imagina...

Saúdo neste momento os quatro confrades que também tomam posse hoje.
A jornalista Miúcha Trajano, o Dr. Antônio Queiroz e o Professor Chiquinho de Carvalho, representam a atualidade ubaense. Ambos com efetiva participação intelectual nesta comunidade exercem funções destacadas e prestam relevantes serviços. São astros que possuem luz própria e refletem na sociedade o dinamismo de suas ações que muito contribuem para nossa cultura. Honra-me adentrar o pórtico da Casa de Antônio Olinto com tão ilustres e dignas companhias.
Maria Soares Lima da Silva, minha mãe, por indicação do Maestro Marum e aprovação da unanimidade de seus pares foi eleita membro-correspondente. Ela, que me deu procuração para falar em seu nome, orientou-me, traçando as diretrizes do discurso, fazendo questão de se lembrar de fatos e de pessoas do relacionamento familiar no contexto da Academia Ubaense de Letras. Restou-me a obediência filial. A propósito, reiterando meus agradecimentos, ao concluir, invoco um mandamento sagrado: Honrarás pai e mãe.

ACADÊMICO FRANCISCO DE CARVALHO - DISCURSO DE POSSE NA AULE

Dirijo-me respeitosamente a todos aqui presentes, e sinto-me, inicialmente, no dever de agradecer a Academia Ubaense de Letras, pela amistosa, hospitaleira, (familiar até) e costumeira acolhida com a qual sempre fui recebido nesta confraria, desde a sua fundação em 1983.

Hoje, de uma forma muito especial, agradeço a todos pelo convite e pela aprovação do nome do Chiquinho de Carvalho para somar junto ao quadro dos ilustres acadêmicos que mantêm ativa esta instituição e o faço como uma forma de compromisso, porque é com este propósito que mais uma vez estou aqui, ciente de que este é o maior de todos os reconhecimentos e a maior de todas as distinções que um ubaense pode receber; atributos que vou honrar para sempre e que aceito como mais um chamado para prestar serviços a esta nobre causa cultural ubaense, que é a AULE; Não estou aqui por vaidade.

Entendo e interpreto o predicado “ser Acadêmico” como o exercício abnegado e zeloso de um sacerdócio por pura vocação e amor às letras. Concebo e respeito uma Academia de Letras, como o templo sagrado onde devem ser cultuadas as letras, as artes, as ciências, a cultura e todos os outros valores e virtudes que fazem aprimorar e perpetuar as interações sociais humanas no presente, com vistas ao futuro, tendo a história como parâmetro de exemplos tendo a hist presente e do futuroque possam apromorar da culturae manteem E.

Já está bem distante, há alguns milhares de anos, o tempo em que nossos ancestrais fizeram os primeiros sinais nas pedras e nas grutas onde viviam, para expressar o que pensavam e o que sentiam. Ao longo da evolução humana, sinais gráficos foram criados para comunicar o pensamento em inúmeros idiomas. Assim, na evolução natural de todos os povos espalhados pela terra, inventaram as letras e constituíram o alfabeto, formaram as palavras, que redigiram textos, que viraram livros, que escreveram tratados, que criaram leis, que fizeram música e poesia. Dos sinais rupestres das cavernas aos papiros chineses, da prensa de Gutemberg, à internet dos nossos dias, passando pelo rádio, pelo telefone, pelo long play de vinil, pelo videocassete, pelo cd, pelo dvd, pela televisão, pelos satélites, pelos celulares, levam a concluir que estamos em evolução constante.

Os hieroglifos egípcios, Os Dez Mandamentos, A bíblia, Os Ilíadas, Os Lusíadas, As Mil e Uma Noites, Medeia, a Odisséia, a Constituição da Revolução Francesa, O Capital e A Carta Universal dos Direitos Humanos, são algumas publicações notáveis que o pensamento humano produziu, e com elas, alguns nomes alcançaram a imortalidade ao longo dos tempos, pelo que disseram e pelo que escreveram, como Moisés, Jesus, Sócrates, Platão, Plutarco, Cervantes, Karl Marx, Luiz de Camões, Saint Exuperry, Voltaire, Dante, Homero, Pero Vaz de Caminha, Albert Einstein, Confúcio e outros tantos.

No Brasil, alguns nomes também ficaram imortalizados pela literatura que produziram como: Joaquim Nabuco, Machado de Assis, José do Patrocínio, Castro Alves, Rui Barbosa, Raquel de Queiroz, Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Jorge Amado, Vinícius de Morais, Antônio Olinto, e tantos outros,

Também em Ubá as letras sempre se fizeram notar, advindas do pensamento e das mãos de notáveis ubaenses de nascimento ou de adoção, como a poeta Regina Godinho Fernandes. Ela nasceu na Fazenda do Banco Verde, zona rural de São Sebastião do Cachoeiro Alegre, no município de Muriaé. Era irmã da também patrona desta Academia, Professora Leocádia Godinho de Siqueira e tia do Acadêmico Dr. Evandro Godinho de Siqueira. Estudou na Escola Normal de Barbacena e exerceu o magistério em Ubá, onde escreveu vasta obra literária entre contos e poesias. Foi educadora, jornalista e poeta, cujo conjunto literário e serviços prestados à comunidade ubaense, faz com que seja citada e reverenciada em vários livros editados por diversos autores e acadêmicos ubaenses. Por mérito, é patrona da cadeira 16 desta Academia, que tenho o privilégio de ocupar a partir de hoje, cadeira esta que honrarei para sempre, em todos os dias que a vida me conceder.

Não poderia deixar de citar, que foi pelos escritos de memoráveis nomes desta terra, que escreveu-se a história ubaense que hoje conhecemos, da fundação da vila de São Januário dos Ubás, pelo Capitão Mor Antônio Januário Carneiro, à Ubá de 153 anos de emancipação político-administrativa, a completar no dia 3 de Julho próximo. Nesta terra nasceram inúmeros DNA’s ricos, e o nosso DNA certamente também é rico, porque somos herança genética de nossos antepassados. Para confirmar e melhor entender a importância do passado, basta contemplarmos a beleza de história que os ubaenses de outrora construíram; o que nos dá hoje a invejável alcunha de Cidade Carinho! O Professor Ivanof Godinho, que assim nos nominou, tinha total razão ao patentear a nossa marca. Cumpre-nos então honrar para sempre este codinome, legando-o com exemplos, com educação e cultura, à presente e às futuras gerações. Então? Vamos escrever? Sem a pretensão de entrar para a história, vamos escrever o dia a dia do nosso tempo, pois assim, esta Academia estará exercendo a sua função maior de documentar, escrever e registrar a literatura, a cultura, os atos, os nomes e os fatos do nosso tempo!

Finalizando, reverencio-me respeitosamente a todos os confrades acadêmicos que aqui residem e aos que são correspondentes, e da mesma forma, àqueles que hoje integram a nossa Academia Celeste. De uma forma especial, rendo homenagens a todos os Presidentes que à frente desta causa, dedicaram-se como bravos guerreiros para manter ativo e operante, o galhardete que nos representa. São eles:

Professora Maria Clotilde Baptista Vieira

Dr. Floriano Peixoto de Melo

Dr. Iran Ibrahim Jacob

Dr. Manoel José Brandão Teixeira

Maestro e também Dr. Marum Alexander

Muito obrigado.

Francisco de Carvalho
Ubá, 26/05/2010.

domingo, 2 de maio de 2010


NA ABL - TRIBUNA USADA PELO RECIPIENDÁRIO NO SEU PRONUNCIAMENTO DE POSSE

NA LUXUOSA COBERTURA TRIPLEX, RESIDÊNCIA DE RUYMAR ANDRADE EM COPACABANA, A PROFESSORA MARA MARGARETH DE MELLO ESTEVAM SENDO BRINDADA POR ELE, AUTOR, COM UM EXEMPLAR DE SUA OBRA "POEMAS DO VIVER", CUJO PRIMEIRO LANÇAMENTO ACONTECEU EM UBÁ, EM MAGISTRAL SESSÃO SOLENE DA ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS, COM A PRESENÇA DO ESCRITOR DA ABL E PATRONO DA AULE, PROF. ANTONIO OLINTO.

NA ABL COM A ACADÊMICA DE 93 ANOS, SUCESSORA DE ANTONIO OLINTO

NA ABL - SALA "MACHADO DE ASSIS"

NA ABL, O PRESIDENTE MARCOS VILAÇA, EM SEU GABINETE, ASSINANDO O PROTOCOLO DO OF. DE ENTREGA DOS LIVROS OFERTADOS PELA AULE

NA ABL, COM O PRESIDENTE MARCOS VILAÇA E O ACADÊMICO DOMÍCIO PROENÇA

NA ABL, COM O ACADÊMICO DOMÍCIO PROENÇA

quinta-feira, 29 de abril de 2010


NA ABL, COM O ACADÊMICO CARLOS NEJAR

ESTEVAM ENTREGANDO OS LIVROS DA AULE AO PRESIDENTE DA ABL

SOBRE A IDA À ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

AMIGOS ACADÊMICOS DA AULE: A excursão ao Rio de Janeiro, nesta terça-feira, dia 27/4/2010, foi sucesso, e participantes da tamanha alegria já começaram a narrá-la... vcs receberão informações via e-mail. À guisa de adiantamento de informação: saímos às 3 da madruga e pisamos em casa, em Ubá, no mesmo horário do dia seguinte. Fomos ao Palácio do Catete, ao Museu da República e à ABL. Nesta última, a atenção e a receptividade foram calorosíssimas. Fomos levados a conhecer pessoalmente cinco dos quarenta acadêmicos, dentre eles o atual presidente Marcos Vilaça, Carlos Nejar, Murilo Mello, Domício Proença e a mais nova imortal da ABL, idade 93 anos, recentemente empossada em sucessão a Antonio Olinto. Com os ubaenses já de saída, por volta das 17horas, encontrâmo-la de chegada para dar uma conferência sobre Camões. Foi quando, convidando-nos a assistir, nos permitiu fotografá-la. O fechamento da nossa vitoriosa estada na Cidade Maravilhosa, com coquetel graciosamente oferecido a todos os integrantes da comitiva, foi das 6 às 10 da noite, no confortável apartamento do anfitrião Ruymar Andrade, com direito a jantar, música ao vivo, e a divina Avenida Atlântica (o m2 mais caro do Brasil) sendo contemplada - mar adentro, sentido "Zorópa" hummmmmm... - das vidraças da magnifíca cobertura triplex do internacional e poliglota dr. Ruymar Andrade, orgulhoso (mas de hábitos simples) ubaense e acadêmico da AULE, cuja recepção e receptividade, previstas como excelentes, foram ainda muito além. E nesta oportunidade conhecemos um sexto acadêmico, o ex-presidente da ABL Cícero Sandroni, que se fazia acompanhar de sua esposa. As "mâitresses" ubaenses a-doooo-ra-ram!!! Lindíssimas as fotos - procurem ver neste blog e com algumas das visitantes - quisera que a AULE tivesse site para serem todas as fotos disponibilizadas à contemplação pública. Saudações acadêmicas. ANTONIO CARLOS ESTEVAM - 1o. secretário da AULE.
P. S.
- ABAIXO, CORRESPONDÊNCIA DE RUYMAR ANDRADE A RESPEITO, DIRIGIDA AO PROF. CHIQUINHO DE CARVALHO, ASSESSOR DO PREFEITO VADINHO BAIÃO E UM DOS PARTICIPANTES DA COMITIVA:

From: ruymar@andradedirect.com
To: chiquinhodecarvalho@hotmail.com
Subject: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS = Visita de Professores de Ubá em 27.04.2010
Date: Thu, 29 Apr 2010 10:12:54 -0300

UM BREVE RELATO SOBRE VISITA DAS PROFESSORAS MUNICIPAIS DE UBÁ À ABL EM 27.04.2010

"Meu caro Francisco,

Administrar é a arte do possível. Mas também é verdade que o possível depende da vontade e esforço de cada um. Quando vontade e esforço de uma coletividade se unem em torno de um mesmo objetivo, o impossível desaparece.

Pois tenho a imensa satisfação de lhe afirmar que, na área da educação e da cultura, a administração do Prefeito Vadinho acaba de realizar um feito dos mais notáveis, um verdadeiro gol de placa, ao patrocinar a visita de um grupo de professoras municipais, bem como, da Secretária de Educação, Adjunta, e do Secretário de Cultura, à sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. A você, pessoalmente, credite-se a serena liderança e precisa coordenação com que conduziu essa visita, sem o que a mesma não teria sido tão bem sucedida.

Por parte das professoras, o que se pôde observar não poderia ter sido melhor. Em seus olhos e comentários, uma alegria incontida pela oportunidade ímpar de conhecerem os meandros da Academia, ciceroneadas pelo eminente acadêmico Carlos Nejar, considerado atualmente, até mesmo em Portugal, o maior poeta vivo da língua portuguesa, sendo ainda recebidas, em especial deferência, pelo Ministro Marcos Villaça, presidente da ABL, em seu gabinete.

Por parte da Academia, posso lhe dizer que a repercussão da visita foi das mais calorosas, com destaque especial à curiosidade e vivo interesse demonstrados pelas mestras ubaenses de conhecerem, em sua melhor extensão possível, o funcionamento; as realizações da Academia e o dia a dia de seus acadêmicos. Portanto, podemos nos orgulhar de nossas mestras pela impressão altamente positiva causada por ocasião de sua visita à ABL.

De minha parte, pessoalmente, reitero meus agradecimentos pela oportunidade de receber o grupo para um happy hour , à noite, em minha residência, e confesso ter ficado profundamente sensibilizado ao ouvir de algumas professoras o relato de seu admirável trabalho junto às escolas municipais localizadas nas mais variadas comunidades ubaenses, inclusive na colônia Padre Damião. Na verdade, não há palavras que possam melhor descrever ou retribuir a alegria proporcionada pela visita dessas tão dedicadas professoras, quando podemos simplesmente reconhecer-lhes as sublimes virtudes de Mães, Mulheres e Mestras, e elas as têm, em toda sua dignidade !

Aproveito o ensejo para agradecer ao Prefeito Vadinho e seus Secretários pelo álbum fotográfico ecológico, genial trabalho manual, com emocionante dedicatória. Ubá de ontem; Ubá de hoje, o Carinho de sempre ! Que Coisa boa ! Muita generosidade de vossa parte. A vós, o meu Coração e muito Obrigado !

Com um abraço fraterno, extensivo ao Prefeito Vadinho,

Ruymar Andrade
"

domingo, 25 de abril de 2010

A AULE VAI À ABL E SE INSCREVE NO SEU ACERVO

Of. 190310/1-AULE Ubá, MG, 27/ABR/2010


À Academia Brasileira de Letras – Rio de Janeiro - RJ


Arcas sagradas dos valores incorruptíveis do passado, sacrários onde se aninham os pensamentos perenes, elas (referindo-se às academias de letras) são o vínculo a unir, com liames invisíveis e eternos, a sabedoria e a beleza de ontem, com as suas nuances de hoje, caldeando, com vagar e prudência, os indestrutíveis alicerces espirituais do porvir.
Tabernáculo inviolável da tradição mineira (referindo-se em especial à Academia Mineira de Letras) é, também, centro de preservação dos padrões de nossa civilização.
Templo improfanável para o culto de nossa língua, nele estão, contritos, os devotos da poesia da terra, os crentes dos seus numes tutelares, de ouvidos sempre atentos aos apelos da liberdade.
Lareira de fogo imperecível, nela se retempera, constantemente, a nossa fé humanista a inspirar o nosso espírito e a orientar a nossa ação pela unidade e grandeza da Pátria.
------------------------------------
(EXCERTOS DO DISCURSO DE POSSE DE TANCREDO NEVES NA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS. Fonte: http://www.academiamineiradeletras.org.br/download/Revista_Volume_XLVIII.pdf acesse pág. 103 e 104).


Senhor Diretor da ABL:


A Academia Ubaense de Letras, fundada em 29 de julho de 1983, aproveitando o ensejo da visita da comissão de professores ubaenses – portadora desta missiva – a esse “Templo improfanável para o culto de nossa língua” vem hoje, respeitosamente, em oferecimento especial, oficializar a entrega ao acervo dessa Casa, de um exemplar de cada obra abaixo, ordenadas alfabeticamente. Elas integram o conjunto (perto de uma centena) de livros lançados pela AULE desde a criação desta entidade.

1. A medicina em Ubá – Subsídios para a História de Ubá (Esboço Histórico – compilação pela AULE) – 1989;
2. A odisséia da família Napolitani Codo (Victorio E. C. Codo) – 2006;
3. Aurora e Crepúsculo – José Xavier Gomes – Ed. Gráfica Gonçalves, Ubá, 1987;
4. Coisas que a vida escreve – Ary Gonçalves – Ed. Folha de Viçosa (MG) - 1985
5. Coletânea de Contos, Crônicas e Poesias (convidado especial: Antônio Olinto) – Edição Especial – 2007;
6. Corpo Azul – Rosalvo Braga – Asalux Editora – Belo Horizonte - 1991
7. Crônicas Municipais (Levindo Coelho, Newton Carneiro, Raul de Morais, Clotilde Vieira, João Corrêa Netto e Ary Gonçalves) – 1992;
8. Dia-a-dia da Academia Ubaense de Letras – edição da Secretaria da AULE – 2006;
9. Dramas Anônimos – Clotilde Vieira – 1986;
10. Fragmentos – Antonio Carlos Estevam – Ed. Impacto – Ubá – 1997;
11. História de Ubá – para as escolas (Clotilde Vieira);
12. Nenúfares – as meninas do balé aquático de Ubá (Rosalvo Braga) – 2007
13. O planeta azul – Clotilde Vieira – 1990
14. O poeta Crisfal (Raul Soares) – 1909
15. Os imprevisíveis caminhos da vida – Namir Emídio Teixeira – Ed. Impacto – Ubá, MG – 2003;
16. Passaporte para o sonho (Clotilde Vieira) – 1984;
17. Pelo azul do céu (Ricardo Njaim) – 2007;
18. Poemas do Viver – Ruymar Andrade – Instituto Cultural Antonio Olinto – Rio – 2008;
19. Revelações – Coletânea Poética – (AULE) – 1989;
20. Reportagem de um coração (Clotilde Vieira) – 1983;
21. Sopa de pedra (Clotilde Vieira);
22. Ubá imperial (Raul de Morais) – 1988;
23. Vida e ação da colônia italiana no mun. de Ubá (Tarquínio Benevenuto Grandis) – 1988.

Reiterando os nossos mais elevados protestos de respeito, sobretudo eivados de real estima e distinta consideração, somos

Atenciosamente,

Marum Alexander - presidente

Antonio Carlos Estevam - 1o. secretário


PROTOCOLO DA ABL:


Correspondência (acima) recebida, em mão, com os referidos anexos.

Rio de Janeiro, _______/____________/____________

________________________________________
Assinatura (sobre carimbo)



ETIQUETA colada na 2a.capa de cada livro(acima)ofertado à ABL:

ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS
Nulla dies sine linea
Casa de Antônio Olinto
Fundada em 29 de julho de l983
Entidade de Utilidade Pública
Lei Estadual n. 9.249/86 – Lei Munic. n. 1.729/86
Av. Cristiano Roças, 163 – 2o. piso – UBÁ-MG – CEP 36500-000
e-mail: academiaubaensedeletras@yahoo.com.br


Exemplar especialmente ofertado, sob recibo, ao acervo da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da visita da comissão de professores ubaenses capitaneada pela Secretaria Municipal de Educação, na gestão do prefeito Vadinho Baião, vice Eduardo Vieira, secretário Samuel Gazolla e adjunta Maria do Carmo de Mello Coelho.
Ubá, MG, 27/ABR/2010.

Marum Alexander - presidente

Antonio Carlos Estevam - 1o. secretário

A TODOS OS MEMBROS EFETIVOS DA AULE - CONVOCAÇÃO PARA REUNIÃO EXTRORDINÁRIA NO DIA 26/04/2010 - SEGUNDA-FEIRA - SOC. DOS VIAJANTES - 16H

ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS
Nulla dies sine linea
Fundada em 29 de julho de 1983 - Entidade de Utilidade Pública
Lei Estadual n. 9.249/86 - Lei Munic. n. 1.729/86
Av. Cristiano Roças, 163 – 2o. piso – UBÁ-MG
CEP 36500-000 - CNPJ 20.353.421/0001-03
academiaubaensedeletras@yahoo.com.br

OC 190410/1 – AULE UBÁ, 19 ABR 2010

A TODOS OS MEMBROS EFETIVOS DA AULE

URGENTE – Convocação para reunião extraordinária



Ficam todos os senhores acadêmicos convocados para a sessão que realizaremos nesta segunda-feira, dia 26/4/2010, no salão da Associação dos Viajantes, sita à Av. Cristiano Roças, 240, térreo, nesta cidade, com início às 16h.

Assunto que será tratado: Indicação e votação de nomes para novos acadêmicos efetivos e correspondentes, a serem empossados em sessão solene antes da eleição da nova diretoria.

A proposição dos nomes e votação (que será secreta) só poderá ser feita pelos acadêmicos em dia com suas obrigações e presentes à reunião.

A aprovação final caberá à Comissão de Sindicância da AULE, que se reunirá em data subseqüente.

Número de vagas para membros efetivos = 5 (cinco); e para membros correspondentes = 3 (três). Serão considerados aceitos os candidatos mais votados até o preenchimento do número de vagas.


Saudações acadêmicas.


Mo. Marum Alexander Antonio Carlos Estevam
Presidente 1o. secretário



ANEXO DO OC 190410/1 – AULE

Lembrete aos caros confrades:



1. Comparecer para votar, mesmo que não tenha nome a propor.

2. Chegar ao local (atenção, é na Sociedade dos Viajantes) dez minutos antes do horário marcado para início;

3. Para ingresso no quadro de Membros Efetivos, não propor candidato que não atenda no mínimo o que segue:

3.1 Ser pessoa com história de comprometimento com as causas que abraça, ser atuante, ter disponibilidade e disposição de trabalhar pela AULE, inclusive para eventualmente assumir cargo de direção;

3.2 Estudar os Estatutos da Academia –http://blogdoestevam.blogspot.com/2010/04/estatutos-da-academia-ubaense-de-letras.html) – e cumprir rigorosamente suas disposições;

3.3 Antes da posse enviar à AULE, via e-mail, arquivo eletrônico único, contendo seu curriculum vitae COMPLETO (inclusive endereço, telefone e e-mail), fotografia 3 x 4 recente (scanneada) e o panegírico do patrono; pagar boleto taxa de ingresso no valor de R$100,00 e boleto anuidade-2010 (R$ 10,00 x meses do ano a decorrer) e assinar termo de responsabilidade para com a entidade.

4. Tirando dúvida: o Membro Correspondente não tem patrono, não tem que comparecer a reuniões e nem pagar mensalidade, apenas arcar com a taxa de ingresso e enviar ao e-mail da AULE seu currículo completo (conforme acima).

5. A taxa de ingresso ou taxa de cadastro se justifica pelo fato de que a arrecadação com mensalidades já é comprometida com as despesas “extra-solenidades” da entidade.

domingo, 18 de abril de 2010

INSTRUÇÃO NORMATIVA - ELEIÇÃO NOVA DIRETORIA DA AULE

A TODOS OS ACADÊMICOS, PARA CONHECIMENTO.

Antonio Carlos Estevam
1o. secretário da AULE


ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS
Casa de Antônio Olinto
Nulla dies sine linea
Fundada em 29 de julho de l983
Entidade de Utilidade Pública
Lei Estadual n. 9.249/86 – Lei Munic. n. 1.729/86
Av. Cristiano Roças, 163 – 2o. piso – UBÁ-MG – CEP 36500-000
e-mail: academiaubaensedeletras@yahoo.com.br

Ubá, MG, 13 ABR 2010

Senhor 1º Secretário e confrade Antonio Carlos Estevam:

Tendo em vista que a atual Diretoria da AULE (incluída a sua Comissão de Sindicância) terá seu mandato findo em 27 de junho do corrente ano, levo ao conhecimento dessa douta Academia que não é do interesse deste Presidente participar de qualquer cargo em qualquer chapa concorrente à sucessão, além do que, após a data mencionada, não poderei mais, por razões particulares, dedicar à AULE o tempo que ela carece e merece para continuar cumprindo suas relevantes metas.
Assim, solicito-lhe fazer saber aos demais confrades de nossa Academia que, no período de 01 a 31 do próximo mês de maio, estarão abertas as inscrições para apresentação de chapas concorrentes aos cargos estabelecidos nos Estatutos da AULE (Diretoria e Comissão de Sindicância), com vistas à condução da entidade no biênio 2010-2012 – chapas estas devidamente formalizadas através do e-mail: academiaubaensedeletras@yahoo.com.br
Para o processo sucessório e em razão de omissão estatutária, fica estabelecido que:
a) somente poderão concorrer e votar membros efetivos da AULE;
b) os membros efetivos residentes fora do Município de Ubá poderão também votar, pessoalmente ou por procuração legalmente instrumentalizada;
c) qualquer candidato poderá concorrer a um mesmo cargo ou a cargo diverso em mais de uma chapa;
d) no caso de haver somente uma chapa concorrente, esta só poderá ser eleita com, obrigatoriamente, no mínimo 50% (cinqüenta por cento) mais 1 (um) dos votos validados pela Comissão de Apuração.
Para dirimir dúvidas ou omissões, todo e qualquer candidato poderá e deverá consultar os Estatutos da entidade, disponíveis também no seguinte endereço eletrônico:
http://blogdoestevam.blogspot.com/2010/04/estatutos-da-academia-ubaense-de-letras.html

Para o dia 16 de junho, quarta-feira, às 17 (dezessete) horas, os membros da AULE ficam convocados para uma reunião, na qual a atual Diretoria lhes apresentará a prestação de contas de seu mandato.
A eleição se dará em reunião extraordinária especialmente convocada para esse fim, no dia 25 (vinte e cinco) de junho, sexta-feira, com início às 16 (dezesseis) horas e término às 19 (dezenove) horas, impreterivelmente, na sede do CVT, à Av. Cristiano Rôças, 163 – térreo, nesta cidade, e será realizada por votação secreta, seguida de apuração, no mesmo dia e local, a ser efetuada por Comissão de 03 (três) membros, escolhidos por sorteio, na ocasião, dentre os acadêmicos efetivos da AULE não participantes de qualquer chapa inscrita.
Consequentemente, conforme mandamento estatutário, a solenidade de posse deverá ser realizada pela própria Diretoria eleita para o biênio 2010-2012, da forma que melhor lhe convier, na primeira sexta-feira seguinte à data de sua eleição.
Confiante em suas providências para com a imediata divulgação do acima exposto, expresso-lhe os meus antecipados agradecimentos.

Saudações acadêmicas.

Mo. Marum Alexander
Presidente

domingo, 11 de abril de 2010

OUTRA CRÔNICA DE MAURO PAULINO

SANTANA SAUDADE E SONHO
jul 24, 2009 Crônicas - Mauro Paulino

Se a morte se interessasse por mim num dia desses, eu certamente pediria a ela um tempo para me largar por essas Gerais e pararia por um instante só que fosse, naquela terra ali e por entre seus montes, naquele aperto geográfico,ficaria então por um instante só a evocar aquele tempo bom que desconheço agora.É que o Sapé de Ubá, dá-me saudades de outras coisas, de outras gentes, daquelas pessoas amigas e simples, poéticas e sonhadoras que conheci tempos atrás.O Zé Bressan ator e multiplicador das artes, da dona Carmem Catete, da dona Luiza da rua do Ginásio e outros e outras..Quem sabe teria novamente movimento nas ruas o dia todo, desde a manhanzinha até a noite,gente que viria de longe com roupas novas, carros Ford do ano, de capotas reluzentes,novas e pretas, missa na Matriz, pescarias no Chopotó, charretes paradas no largo de baixo e um cheiro de aguardente brotando das portas dos botequins afora.

Sentiria por certo, vontade de matar saudades da parentada toda, repimpada,curtindo a sesta nos quartos de teto alto, depois de longos bate-papos,uns dormindo em redes na varanda comprida, outros nos divãs da sala grande de janelas antigas,centenárias, enquanto os serviçais provam às escondidas as gostosuras da cozinha, junto do fogão de lenha.

Aproveitaria para sentir o calor da grande fogueira queimando em louvor à santa, embalado pelo som da sanfonas dos tocadores vindos do Pombal, do Barro Branco, do Monumento ou quiçá dos confins da Serra da Onça ou Córrego Preto. Abbraçaria com a alma, aquela gente toda, aqueles amigos todos, numa prece muda,diante da imagem da santa mãe com a outra santa no colo e pediria muita paz nos nossos desaventos.

E nesse instante, maior que todos os momentos, encheria o espírito d’um sopro de satisfação e calma, cobrindo todas as dores, balsificando as cicatrizes que a saudade e a ausência de uma antiga moradoa dali, dona Clotilde Batista Vieira. Ausência que criou no meu peito por esses anos todos uma estranha falta de continuidade daquilo que ela começou e interrompeu com sua partida. Talvez essa passagem minha por aqueles lugares se retardasse eesperasse pela vinda de mais um outro ano, só para estar por lá, para ver e sentir todas aquelas coisas boas de se sentir e de se ver, como se o Sapé de Ubá, fosse uma extensão da própria São Januário de Ubá.

UBÁ EM CRÔNICA DE AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA

(Crônica de Affonso Romano faz referência à cidade de Ubá: Um elo/ele Perdido
jan 12, 2010)

Vejam este nome – Pequeri. Agora vejam este outro – Sarandira. Mais este outro – Serraria. Podem botar também Santana do Deserto ou Guarará, Simão Pereira, Bicas, Matias Barbosa e Mar de Espanha, Chiador. Estamos na Zona da Mata, nas vizinhanças de Juiz de Fora.

O que tenho com isso?
Ah! Memória, que surpresas me abres!

Já nem me lembrava de Pequeri, onde, aos 7 anos, fui passar férias na fazenda do “seu” Batista. E, de repente, Júlio Vanni, que reconstrói a história dos italianos em Minas e no Brasil, não só se refere àquele menino que fui por ali, mas me lembra de que em Pequeri Dorival Caymmi tinha sua casa. Este o quarto mistério de Fátima: o homem do mar vivia nas montanhas! E mais, que Nana Caymmi está sempre por ali, que Danilo e Dori vão deixar a marca de suas mãos impressas no museu local.

Que importância pode ter um livro intitulado Sertões do Rio Cágado, sobretudo agora que acabei de ler no jornal que os telescópios da nave Kepler estão fotografando o que ocorreu no mundo do universo há 660 milhões de anos, descobriram vários exoplanetas e vasculham as 7,5 mil galáxias? E eu aqui com Júlio Vanni, lendo que “o Rio Cágado, principal afluente do Paraibuna na margem esquerda, embora desprezado nos programas escolares, teve papel preponderante no desbravamento e povoamento dos sertões das matas proibidas ou áreas desconhecidas”.

Como consegui viver até hoje sem saber do Rio Cágado ou de outras partículas cósmicas que fluem em mim? De Santana do Deserto, sabia e escrevi, no antigo JB, uma crônica: “Meditação de Santana do Deserto” (25/2/1985), quando estive por ali numa fazenda de Mauro Campos; e por isso uma escola de samba de Santana do Deserto me transformou em samba enredo no ano seguinte.

De Mar de Espanha também sabia e divulguei a teoria de que o nome da cidade vem do “mármore de Espanha”, pois as ruas principais são calçadas de mármore. Mas Júlio Vanni, que representa a comunidade de italianos nascidos em Lucca, tem outras teorias. E é aí que nossas vidas se imbricam. Como acabei de publicar Perdidos na Toscana, comecei com ele, que é toscano, um diálogo que me faz retomar as origens italianas de minha família.

Minha sobrinha-prima Ana Cláudia me fala que está investigando sobre nossos antepassados – o velho Affonso Romano e a Anunciata Exposita, camponeses paupérrimos que passaram pela hospedaria de imigrantes em Juiz de Fora em torno de 1898. Aprendo, então, que os italianos, com alemães e árabes, invadiram a região. Quando dom Pedro II foi a Ubá, em 1882, a banda de música era só de italianos. Ao redor do Rio Cágado havia 3 mil imigrantes, sendo 80% italianos. Só Pequeri tinha 620 famílias italianas; em Bicas, Guarará e Maripá, mais 280 famílias de oriundi. E não estou falando de Cataguases, que agora renasce em sua italianidade com os romances de Luiz Ruffato.

Volta e meia as pessoas pensam que sou o Olavo Romano, conhecido narrador de causos mineiros. Bem, o causo é outro. Claro que esses Romanos espalhados em Minas têm de ser meus parentes. Tenho, com Ana Cláudia, que achar esse “elo perdido”.

Elo ou ele?

É. Tenho que também achar esse elo/ele perdido, seja em Minas ou na Toscana.

[Crônica do escritor AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA
Transcrito por Levindo Barros, Ubá(MG)]

sábado, 10 de abril de 2010

QUEM DERA MERECESSE OS LOUROS DA REVOLUÇÃO FRANCESA

Para ler a crônica do Estevam, é só seguir o link:

http://www.gazetaregjornal.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=239:fragmentando&catid=36:cronicas-&Itemid=56

sexta-feira, 9 de abril de 2010

OFÍCIO CIRCULAR - A TODOS OS ACADÊMICOS DA AULE - BLOG DO ESTEVAM VERSUS BOLETIM DA AULE

ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS
academiaubaensedeletras@yahoo.com.br

OC 050410/1 – AULE UBÁ, 05 ABR 2010


A TODOS OS ACADÊMICOS

Assunto: http://blogdoestevam.blogspot.com/ VERSUS Boletim Informativo da AULE


“Não quero ser apenas um padre cantor; quero ser muito mais que isso”, dizia, ao estourar seu sucesso, por volta de 1970. Hoje ele é clérigo, palestrante, filósofo, apresentador de TV, compositor, cantor e escritor com um sem número de obras publicadas, algumas como que tornadas clássicas. Com seus escritos voltados para a reeducação dos jovens e visando reencadeá-los ao cristianismo, o escritor Pe. Zezinho scj, atualmente menos à vanguarda, mas a quem ora nos referimos, no começo de sua quarentona carreira já cantava: “Na era da cibernética / na era da transformação / tornei minha vida poética / deixei falar meu coração”. Agora, vamos a Caldas Aulete:

“Cibernética é o estudo comparativo dos mecanismos de comunicação e de controle nas máquinas e nos seres vivos, do modo como se organizam, regulam e aprendem”. O fundamento dessa ciência é, a exemplo do cérebro animal, realimentar um sistema de tomada de decisão (o que fazer) para acionar uma conseqüente ação (fazer) com os dados de determinada situação, inclusive aqueles resultantes da ação do próprio sistema, num círculo que se realimenta constantemente. Essa retroalimentação de informação para propiciar uma ação adequada (em inglês, feedback) é a base dos robôs e dos sistemas ditos ‘inteligentes’ formulados na cibernética, os chamados ‘servossistemas’ ou ‘servomecanismos’.

Na busca de informações verifiquei também que, sobre a indústria editorial e as mídias digitais, estudiosos alertam que “as emergentes mídias digitais estão influenciando diretamente no concorrido tempo dos consumidores modernos e transformando o hábito de leitura em todo o mundo. O texto não é mais lido apenas no papel. Ele está também onipresente em uma miríade de suportes suspensos e em uma diversidade de aparelhos tecnológicos, móveis e de comunicação (como o Kindle, o iPhone etc). E uma série de meios é o que promete transformar definitivamente a realidade dos livros, jornais e revistas através de uma convergência digital e cultural sem precedentes”.

Diante dessa nova realidade, que se apresenta como um caminho de ida sem volta e que salta aos nossos olhos e só não vê quem não quer, voltamos a nossa atenção para o Boletim Informativo da AULE.

O Boletim é um órgão de registro dos atos e fatos da nossa Academia, para que aos membros efetivos dela não seja dado ignorá-los. Criado para atenuar os efeitos de a AULE não dispor de sede com porta aberta e da limitação do número de reuniões ou de comparecimento a elas (uma das razões é a locomoção das pessoas, mormente idosos, a cada dia mais dificultada), foi projetado para periodicidade inicialmente mensal e logo tornar-se quinzenal. Malgrado o desmedido esforço neste sentido, aconteceu o contrário. Já estamos em MAR-2010 e encontra-se ainda em elaboração o Boletim no 17, tendo o de no 16 circulado no ‘já longínquo’ SET-2009. Evidentemente que vicissitudes aconteceram no período, inclusive o óbito de vários dos nossos acadêmicos, dentre eles o saudoso presidente Manoel Brandão. Em que pese o Boletim, mesmo defasado, atualizar o acadêmico leitor sobre a relação dele com a entidade e a dela com o meio em que atua, é forçoso reconhecer que a leitura nele de certas informações, conquanto necessárias de ali estarem contidas, pode mesmo tornar-se pouco interessante. Convenhamos que há, afinal, a tendência natural de o leitor preferir informes sobre fatos novos, recentes, já que soem modificar os anteriores, num contínuo e necessário processo de atualização.

Evitemos alongar até chegar ao que desejamos dizer. Conceituaríamos Informática e Internet, citaríamos bancos como não havendo hoje quem não se relacione com eles; lembraríamos que estes não têm mais como trabalhar senão utilizando esses recursos; que isso foi estendido aos demais setores da atividade humana; que o uso dessas tecnologias assumiu uma importância como a da luz elétrica, que de há muito já não se concebe jeito de viver sem ela...

Ora, não obstante seja inegável o que acabamos de afirmar, a transição para o presente momento ainda está por se completar. É que, relativamente à imperiosa necessidade de as pessoas se adaptarem à nova realidade, muitos não viverão para se ajustar; e, pior: é o problema dos que optam por resistir, sob desculpas como “não entendo nada de computador”, “não sei mexer com isso”, e tal.

Conclusão: os “em transição”, nos termos acabados de colocar, eles também continuarão recebendo o Boletim. Mas, os que não estão perdendo o bonde..., a estes o http://blogdoestevam.blogspot.com/ (*) – recurso do qual a Diretoria atual já está se valendo como órgão auxiliar de comunicação da AULE – contemplará com a informação fresca, não lhes importando, pois, se a ‘notícia’ chegar ‘velha’ no Boletim. Recomendamos acessar diariamente, pelo menos enquanto a AULE não tiver site e enquanto durar o mandato desta Diretoria. Nesse blog (*) já se lê, por exemplo: homenagens ao saudoso Presidente Manoel Brandão e a transcrição dos Estatutos da AULE.

P.S.: Lembramos que blog é mais seguro que e-mail, as informações são invioláveis pelo destinatário, editá-las exige senha.

Saudações acadêmicas


Mo. Marum Alexander
Presidente

Antonio Carlos Estevam
1º. secretário

terça-feira, 6 de abril de 2010

POR QUE PREFÁCIO?

POR QUE PREFÁCIO?

Antonio Carlos Estevam

(singela homenagem do autor ao site do qual participa: www.prefacio.net)

Linguagem, faculdade humana
De expressão do pensamento;
Língua, maneira de expressão
Comum a um grupo social.
Pela palavra o indivíduo
Se serve da linguagem
E dentro dele se produzem
As variações de sentido numa frase.

Enquanto modo individual,
Uma circunstância de sentido
Na frase interessa à palavra,
Mas se uma alteração introduzida
Recebe consagração do uso,
Que a incorpore ao patrimônio comum
De um grupo considerável,
Ela passa ao campo
De interesse da língua.

A língua, um estado particular,
É da palavra a cristalização.
"Desta última o uso da palavra é árbitro" -
Eis o que, em Arte Poética
Já dizia Horácio.

Renascerão palavras outrora perecidas,
Cairão outras, hoje em moda.
Um homem não muda uma língua,
Mas um povo a transmuda
Na evolução das palavras
Sempre tocadas de um inquieto
Dinamismo transformista.

Necessidade de expressão,
Ponto de vista pessoal,
Emoção individual, tudo isso
Gera a força que cria a palavra nova
Ou o sentido novo
Para uma palavra antiga.

A língua é o rebanho
De que as palavras são ovelhas.
Estarão elas nele,
Mas nem sempre gostarão
Do arrebanhamento.

Palavra é um composto de alma e corpo
Na simbiose do vocábulo e do termo.
O vocábulo é o corpo, o termo é a alma;
O vocábulo é a concreção física,
O termo a forma espiritual, o sentido;
O vocábulo é continente,
O termo é conteúdo.

O vocábulo, corpo fugaz
Sopro que o vento logo dissipa,
Ele leva, de quem fala
A quem ouve, o termo.
Este último é alma que persiste,
Semente que fica,
Germina e floresce
Na gleba macia da emoção,
Na terra fértil da vontade.
Isto, conquanto ele, o termo,
Na intenção de quem fala
Tenha sempre notas subjetivas,
Matizes que o vocábulo não traduz.
E mais: na recepção de quem ouve
Entram notas,
Resíduos de outras compreensões,
Que o ouvinte acresce
E mistura ao termo recebido.

Não há, pois,
Medida comum nem coincidência
Entre o vocábulo e o termo
No comércio das idéias.

Se alguém sob a influência
E alimentação intelectual
Do meio ambiente,
Recebe uma idéia
Não necessariamente informada
E corada com os tons
Em que fora transmitida,
Também assim quando a repassar
Já lhe aditará alguma coisa de seu,
Que nem sempre
Logrará chegar ao interlocutor.

Está - fatos assim o demonstram -
Na fatalidade da limitação terrena,
Que a palavra seja um veículo
Falho e coxo.

A palavra nunca é
Só figura de retórica,
Ainda que o seja
Na intenção de quem fala,
Aquele desabafo que lamenta
"a falta de expressões
para dizer o que vai n'alma".

Quantas vezes,
entre a boca e ouvido,
A palavra muda de alma
E de sentido
Tanto que produz efeito
Diverso do que buscava!
Daí os desentendidos humanos.

Descompassos
Entre o termo e o vocábulo
Geram as incompreensões,
As subcompreensões,
As compreensões de menos,
As compreensões de mais.
A palavra disse pouco
Ou disse muito:
Foi de menos
Ou foi de mais, quando,
De intenção,
Oferecia o justo necessário.

Quão infinitamente
Seriam reduzidas as guerras,
Ah, se medida tivessem as palavras,
Bem assim nitidez de conteúdo
E limite.

Com razão dizia Voltaire,
Com aquela malícia
Que Deus lhe deu
E que o Diabo lhe temperou:
"Se comigo deseja discutir,
as suas palavras primeiro defina".

Se nesta altura já indaga o leitor:
Mas, o que tudo isto teria a ver com Prefácio,
Com "Por que Prefácio?",
Eis, doravante a resposta.

Se na expressão de Latino Coelho,
"A história do globo é o preâmbulo à
Crônica do homem"...
Se prólogo é o discurso
Que antecede uma obra escrita.
Se - voltando ao Sábio Lusitano -
"A geologia é o prólogo da humanidade".

Se prefação é
"a ação de falar antecipadamente";
Se prolegômeno é
"exposição preliminar
Dos princípios gerais
De qualquer ciência ou arte";
Se intróito é entrada,
Princípio, começo;
Se introdução é cabimento;
Se exórdio é a maneira
Como uma coisa é começada
Ou inaugurada;
Se prolóquio é máxima,
Adágio,
Sentença dito ou provérbio...
Por que Prefácio?

Porque Prefácio
Contém em resumo,
Sumariza,
Fala antecipadamente,
Expõe preliminarmente,
Traz os princípios gerais,
É introdução,
Inaugura.

Prefácio condensa,
Recopila,
Abrevia;
Epílogo
Reduz,
Condensa,
Concentra.

Prefácio
- ora, amigos prefacianos -
Simboliza em ponto pequeno,
Representa,
Faz consistir,
CONSUBSTANCIA
O IDEAL DE CLÉSIO SILVA,
O acervo a cada dia crescente
Dos tantos poetas independentes,
Dos que se comunicam
Pela linguagem escrita,
Pela língua,
Pela palavra.
Dos que cultuam,
Dos que cultivam
A doce Arte
Cujo assunto
Aqui se fez prefácio
Para que chegássemos
Enfim a responder
"Por que Prefácio?"