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ELTON MELLO ESTEVAM analisa obra literária de Victorio Codo

Breve análise da obra

“Da Montanha ao Pantanal”

Elton Mello Estevam (*)


De leitura suave e instigante, o livro de Victorio Codo evita cantilenas obsoletas e digressões inoportunas, transportando o leitor a uma atmosfera de intimidade com o autor, mesmo aqueles que não o conhecem. Além do mais, são verdadeiras aulas de geografia, biologia, cultura geral e, por que não, filosofia. Sim, a obra apresenta-se indiretamente filosófica no sentido de que instiga o leitor a uma reflexão sobre a sua condição e a dos demais ditos civilizados. Com efeito, a agradável leitura de mais essa bela produção literária, enveredando-se pela cultura indígena e cabocla, nos convida a refletir sobre os nossos próprios hábitos e costumes que, vistos sob a ótica do controle social, ilusoriamente nos afiguram os únicos possíveis.

No tocante à estrutura da obra, percebe-se que é produto de um escritor experiente e arguto, de espírito vivo, engenhoso, talentoso, perspicaz, sutil, que não se contenta com a simples narrativa do fato. Procura, antes, explicar as causas dos fenômenos relatados, sem, contudo, cair na amargura tediosa que abarcam muitas pesquisas que se tornam extensas demais. Destarte, o autor é breve e agradável nas suas explicações científicas e/ou históricas, enriquecendo ainda mais a obra, que transcende à narrativa casual. Parece-me, outrossim, que ele assimilou bem a lição de Graciliano Ramos: “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.

Os fatos relatados são de singular curiosidade. Curiosidade esta que prende o leitor do início ao fim do livro, em um original e real suspense que não o permite levantar para ir pegar um copo d’água, sem antes completar a leitura do capítulo! De resto, com o término da leitura de “Da Montanha ao Pantanal” fica aquele gostinho na alma satisfeita, que só irá se dissipar ao sabor do vento e das horas...


(*) ELTON MELLO ESTEVAM é ubaense, 19 anos, universitário. É autor de Don Juan e o oráculo de Zeus, obra de ficção mitológica, realismo fantástico, em prosa, com comentário de Marum Alexander e Cláudio Estevam. Em Antologia, seu segundo livro, também edição do autor, Elton brinda o leitor com seus contos e textos filosóficos, que induzem a reflexão sobre o tema Ideologia. O jovem escritor tem diversos trabalhos, em prosa e em verso, publicados na internet e em periódicos locais. Interrompeu a produção do seu terceiro livro, Guia Pessoal Conhecimento do Mundo. Sobre Deus e o Diabo (teatro), que seria o quarto livro do autor, encontra-se em preparação.
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O texto acima foi lido na sessão solene da Aule de 01/12/2006, de lançamento do outro livro de Victorio Codo: A Odisséia da Família Napolitani Codo. O intérprete foi o talentoso garoto, estudante Francisco Brandão Teixeira do Rego.


quarta-feira, 31 de março de 2010

ESTEVAM COMENTA outra obra de Victorio Codo

UM HUMILDE COMENTÁRIO SOBRE A OBRA LITERÁRIA

“A Odisséia da Família Napolitani Codo”

Autor: Victorio Emanuel Constantino Codo

por Antonio Carlos Estevam *


Dr. Manoel José Brandão Teixeira, nosso MD presidente,
autoridades, membros da mesa, caros confrades,
demais presentes a esta
68ª. Sessão da Academia Ubaense de Letras.

DR. VICTORIO EMANUEL CONSTANTINO CODO:

No momento em que procedi estas anotações, não tinha mais em mãos o seu livro A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO.

O exemplar, que li na íntegra, continha bela dedicatória do autor, num oferecimento especial à Academia Ubaense de Letras. Faço aqui uma confissão. Melhor: um “mea culpa”. É possível que eu nunca mais veja aquele exemplar e assim também o rascunho de comentário que, cuidadosamente, elaborei enquanto o lia. Foi-se também o outro livro, igualmente autografado por Vossa Senhoria e também oferecido à Academia, intitulado “Da Montanha ao Pantanal”, volume do qual cheguei a ler uns dois terços. Explico: esqueci, dentro do ônibus da Unida JF>VRB, quando desembarquei na rodoviária de Ubá, neste dia 05 de novembro, uma pasta transparente, cujo conteúdo incluía todo esse material. Já fiz várias tentativas de recuperar a referida pasta, nas três cidades, e agora não tenho mais esperança. O que vou ler representa, pois, o que consegui arrancar da minha memória. Pois bem.

A leitura de “A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO”, livro de memórias ora lançado por Vossa Senhoria – o nosso grande homenageado desta noite, precisamente desta sessão extraordinária, festiva e lítero-musical da Academia Ubaense de Letras – mais que uma magnífica obra literária, trata-se, para nós ubaenses, de uma pérola, uma jóia rara.

A obra resgata um belo passado da história desta cidade de Ubá, terra natal por adoção do ilustre homenageado, pois, nascido em Leopoldina, em 1919, logo para aqui se mudou, na companhia de seus pais e de suas irmãs, tornando-se mais ubaense do que tantos aqui nascidos e aqui residentes por uma vida inteira.

A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO traz informações que podem ser lidas em outros livros de autores ubaenses, escritos com objetivo análogo; mas acrescenta muitos dados não encontrados nessas outras obras. Os fatos abordados e que fazem parte da história da família Napolitani Codo, incluem o tempo dos avós paternos de Victorio, o nascimento de seu pai Alfredo, a vinda dos Codo da Itália para Leopoldina. Narra o retorno de Alfredo ao país de origem quando, lá, iniciou o namoro com Teresa, de cujo consórcio nasceu a prole que inclui Victorio Codo. A filha caçula do casal Alfredo e Teresa, ela que é irmã consecutiva de Victorio e caçula da família, nasceu em Ubá.

O livro expõe belas fotografias, num rico documentário sobre imóveis e ruas antigas de uma Ubá pacata e ordeira, que acolheu Victorio na sua infância, na meninice e na juventude, mostrando também a família Napolitani Codo em felizes e diferentes momentos da sua longa e frutífera permanência em nossa cidade. Imagino o quanto os ubaenses devem ter aprendido com os Codo.

Alfredo, o pai de Victorio, chegado de mudança com mulher e filhos, estabeleceu com comércio na rua São José, edificando o belo sobrado onde muitos anos depois funcionou a Casas Pernambucanas. Ali situa-se hoje, em novo prédio, o Banco do Brasil. A família manteve comércio de intensa movimentação neste e em vários outros pontos da rua São José, para os quais ia transferindo residência e negócios. Destaca-se um armazém em frente ao Morro das Corujas, atual rua Belo Horizonte. Nele, vendia-se de tudo. Era atacadista, mas também atendia no varejo. Comercializava considerável número de itens importados, grande parte deles vindos de navio da Itália até o Rio de Janeiro. O imóvel divisava mais ou menos com os hotéis Centenário e Pálace, próximo também ao Grande Hotel, todos situados na Praça Guido Marliére. De casa se ouvia Dona Ritinha e seu sobrinho Ary Barroso – ele mesmo, o gênio da Aquarela do Brasil! – a executarem, ao piano, as músicas que sonorizavam os filmes em exibição no então cinema-mudo, na casa de espetáculos também quase divisando com a mansão residencial e comercial dos Codo.

Lendo A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO, viajei por um passado que os meus 55 anos não me permitiram alcançar, em que predominava o transporte ferroviário, tanto para carga quanto para passageiros. Conforme bem coloca o autor, aliás, com grande maestria, a figura do caixeiro-viajante era de importância infinitamente maior que nestes novos tempos em que as rodovias se multiplicaram, modernizando-se com as grandes descobertas de lençóis petrolíferos. A Comunicação, hoje globalizada, tornou-se o principal instrumento de contato entre fornecedores e clientes. Aos tempos de Alfredo Codo, com o seu dinamismo comum a poucos, vigorava o corpo-a-corpo entre essas duas partes: o representante da parte vendedora e o da compradora.

Interessante ter ficado sabendo, através da leitura de A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO, que o maior estabelecimento comercial de que se tem notícia haver funcionado em Ubá, mais ou menos pela segunda e terceira quarta parte do século XX, teve Alfredo Codo como sócio. O gigantesco entreposto ocupava todo um lado do corredor que é a rua XV de Novembro, desde a rua São José até a avenida Cristiano Roças, dando frente também para esta última rua. Vendia mercadorias de quase todos os gêneros para quase todas as finalidades e incluía indústrias e até posto de gasolina e casa bancária. A empresa, denominada Antonio Fusaro & Cia, tinha como segundo e terceiro sócios os italianos José Miotto e Alfredo Codo. Apenas confirmando, a obra do nobre acadêmico Victorio Codo, ora sendo lançada, inclui formidável volume de informações sobre a história do município não contidas nos tantos outros livros disponíveis de autores também ubaenses. É a história contada por quem a viveu, num tempo em que o principal meio de transporte urbano era de tração animal.

A história dos italianos Alfredo e Teresa é uma experiência riquíssima, representando um legado de elevado valor, inclusive moral e cívico, para as sucessivas gerações de ubaenses. Só reafirmando, a leitura de A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO transportou-me a uma Ubá anterior em décadas ao ano em que nasci, 1951. Deu-me a conhecer uma cultura em que os valores morais, éticos, transcendentais, espirituais e humanos representavam peso muito maior na avaliação que se fazia das pessoas. Os hábitos cultivados pelos cidadãos faziam-nos dignos da consideração maior de seus semelhantes. Não campeava tanto a desonestidade, a desonra, a desordem, a corrupção; os vícios não se sobrepunham à virtude; não pairava a crise de desconfiança; não vigorava a “lei de Gérson”, nem a impunidade.

O livro cita templos como a antiga Igreja São José, em pleno funcionamento, freqüentada pela família Napolitani Codo; o Sacré Coeur funcionando como internato que, juntamente com o Externato Brasileiro e o Ginásio Mineiro ajudaram na formação cultural da prole de Alfredo e Teresa, num tempo em que o professor primário cumpria aquele juramento que um dia eu também fiz ao receber o “canudo” de normalista, há 34 anos, no Colégio Estadual Senador Levindo Coelho, que naquele mesmo prédio funcionava, e cujo teor era mais ou menos o seguinte:

“Prometo, no exercício do magistério, educar e instruir a criança, dando-lhe o senso de liberdade e dignidade da pessoa humana. Formarei a sua consciência cristã e cívica, a fim de que, obedecendo a hierarquia dos valores, eternos e temporais, trabalhe para o engrandecimento de uma pátria melhor”.

As irmãs de Alfredo Codo (ele era o único varão) tinham aulas de piano com dona Ritinha Resende, tia de Ary Barroso, na própria residência dela.

O volume, senhores, fartamente ilustrado, mostra o rigor na seleção da indumentária adequada às ocasiões festivas, às viagens e até ao cotidiano. Descreve as idas e vindas dos Codo ao país de origem, assim como as viagens pelo Brasil e as mudanças de domicílio. Narra também a cessação da participação societária de Alfredo em cada estabelecimento, desde os tempos em Leopoldina, e o início de cada nova sociedade em Ubá, sempre trabalhando muito e logrando o merecido êxito em cada novo empreendimento; expõe os motivos da mudança para Ubá, narrando o êxodo leopoldinense, quando uma moléstia ceifou a vida daquela população, com os cadáveres sendo transportados coletivamente em carroças de burro e o forte mau cheiro exalando pelas ruas de Leopoldina.

O livro mostra também como eram bem observados os hábitos do descanso, do lazer, do contato com a natureza, da ligação forte entre os familiares, da necessária atenção a cada filho, da hospitalidade aos parentes, inclusive os que vinham de Leopoldina e, tantas vezes, os que procediam de lá do outro lado do Atlântico.

A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO faz referência às ruas de Ubá com nomes ainda diferentes dos atuais; lembra os velhos e movimentados carnavais, que traziam turistas do Rio de Janeiro e até do exterior, já naquela primeira metade do século passado; registra a convivência dos Codo com famílias das quais apenas ouvimos falar que existiram em Ubá, mas também de outras tão conhecidas de todos nós; faz um histórico da imigração italiana para o Brasil e para Ubá; exibe, detalhadamente, em bem elaborados gráficos, um completo estudo da árvore genealógica da família Napolitani Codo, inclusive os agregados à família.

O escritor Victorio Emanuel Constantino Codo, médico-veterinário por profissão e pesquisador nas áreas em que atua, exerceu, dentre tantas outras atividades, a de professor. Conviveu no Rio de Janeiro com ubaenses como Galdino Alvim, que se tornaram notáveis e que passaram à História. Em seu outro livro, “Da Montanha ao Pantanal”, Victorio relata formidável gama de experiências e de aprendizado vividos: nas tantas viagens empreendidas, no contato diuturno com clientes, com os hábitos e a saúde dos animais, com a cultura silvícola, nas fazendas, na permanência em Mato Grosso. Muitos dos seus relatos contêm agradável toque de humor. Ler Victorio Codo me fez sentir tratar-se de uma pessoa, sobretudo, crescida espiritualmente.

Pelo muito que a vida desse prendado acadêmico, autor de A ODISSÉIA DA FAMÍLIA NAPOLITANI CODO, ora sendo lançado, representa de contribuição para o memorial da sociedade ubaense, permita-me a Academia Ubaense de Letras, nesta noite memorável, mais precisamente neste momento mágico, abraçá-lo em nome de todos os nossos confrades.

Muito obrigado.

Ubá-MG, 01 de dezembro de 2006

* Antonio Carlos Estevam é 1º. secretário da Academia Ubaense de Letras

ELTON MELLO ESTEVAM analisa obra literária de Victorio Codo

Breve análise da obra

“Da Montanha ao Pantanal”

Elton Mello Estevam (*)

De leitura suave e instigante, o livro de Victorio Codo evita cantilenas obsoletas e digressões inoportunas, transportando o leitor a uma atmosfera de intimidade com o autor, mesmo aqueles que não o conhecem. Além do mais, são verdadeiras aulas de geografia, biologia, cultura geral e, por que não, filosofia. Sim, a obra apresenta-se indiretamente filosófica no sentido de que instiga o leitor a uma reflexão sobre a sua condição e a dos demais ditos civilizados. Com efeito, a agradável leitura de mais essa bela produção literária, enveredando-se pela cultura indígena e cabocla, nos convida a refletir sobre os nossos próprios hábitos e costumes que, vistos sob a ótica do controle social, ilusoriamente nos afiguram os únicos possíveis.
No tocante à estrutura da obra, percebe-se que é produto de um escritor experiente e arguto, de espírito vivo, engenhoso, talentoso, perspicaz, sutil, que não se contenta com a simples narrativa do fato. Procura, antes, explicar as causas dos fenômenos relatados, sem, contudo, cair na amargura tediosa que abarcam muitas pesquisas que se tornam extensas demais. Destarte, o autor é breve e agradável nas suas explicações científicas e/ou históricas, enriquecendo ainda mais a obra, que transcende à narrativa casual. Parece-me, outrossim, que ele assimilou bem a lição de Graciliano Ramos: “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.
Os fatos relatados são de singular curiosidade. Curiosidade esta que prende o leitor do início ao fim do livro, em um original e real suspense que não o permite levantar para ir pegar um copo d’água, sem antes completar a leitura do capítulo! De resto, com o término da leitura de “Da Montanha ao Pantanal” fica aquele gostinho na alma satisfeita, que só irá se dissipar ao sabor do vento e das horas...


(*) ELTON MELLO ESTEVAM é ubaense, 19 anos, universitário. É autor de Don Juan e o oráculo de Zeus, obra de ficção mitológica, realismo fantástico, em prosa, com comentário de Marum Alexander e Cláudio Estevam. Em Antologia, seu segundo livro, também edição do autor, Elton brinda o leitor com seus contos e textos filosóficos, que induzem a reflexão sobre o tema Ideologia. O jovem escritor tem diversos trabalhos, em prosa e em verso, publicados na internet e em periódicos locais. Interrompeu a produção do seu terceiro livro, Guia Pessoal Conhecimento do Mundo. Sobre Deus e o Diabo (teatro), que seria o quarto livro do autor, encontra-se em preparação.

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O texto acima foi lido na sessão solene da Aule de 01/12/2006, de lançamento do outro livro de Victorio Codo: A Odisséia da Família Napolitani Codo. O intérprete foi o talentoso garoto, estudante Francisco Brandão Teixeira do Rego.

CARO ÉCIO - Manoel José Brandão Teixeira - 27/11/2006

Caro Écio:

Ontem estive em frente do lugar que você morou lá no Chiquito Gazolla. Não existe nem vestígio da casa. Não sei quando a desmancharam ou ruiu, por si.
O Poço Azul, aquele que você bem sabe, feito pela meninada, que represava o Ribeirão do Espírito Santo, em um dos seus meandros, ao lado de sua casa, em cujas águas límpidas que ao refletir o céu no seu espelho, fantasiava-se de azul. Hoje, retificaram o ribeirão, que transformou-se num rego fétido, ascoso, imundo.

O Pau d’Alho, com seu grosso tronco e estranhas raízes aéreas, misterioso ao exalar forte odor de alho, majestoso e mal assombrado pois, nas noites tenebrosas, passava por ele um carneiro sem pernas... sumiu!

A ponte de madeira deu lugar a outra, de cimento e aço.

A estrada de chão virou avenida asfaltada, com o nome do ilustre senador Levindo Coelho.

O quintal do sr. Chiquito desapareceu. As fruteiras que nele floriam e frutificavam, imagine meu caro Écio, viraram rua e muro de arrimo!

Até o morrinho em frente a casa do Zé Luiz Simeão não existe mais! A casa e onde plantava virou Móveis Itatiaia.

Os passarinhos que por ali chilreavam, despedindo-se do pôr-do-sol e saudando a madrugada, esvoaçaram-se. Deram lugar a um bando barulhento de pardais e de incomodativos pombos. Nem mais os canarinhos chapinha por ali repicam seu belo cantar.

Ainda lembro de você, na janela do seu quarto, ameaçando a meninada, numa língua estranha que iria contar a nossos pais que nadavámos nus, desrespeitando sua mulher: Sá Francisca.

Você gesticulava muito e nós ríamos. E como ríamos, aumentando em muito a algazarra. Alguém mais abusado exibia seu sexo e você exclamava: per la Madona! Dio Santo! Até hoje, pai de ninguém soube desta estória.

Vamos até a casa de meu pai. Vamos subir e descer o Morro da Canela! Vamos rezar em frente à cruz da Alma Penada.

Écio, Écio, ô Écio! O Morro da Canela transformou-se numa avenida comprida, com um tráfego pesado e desordenado, com nome de Padre Arnaldo Jansen. São prédios e lojas em todos os lados!

A cruz da alma penada, que gemia e chorava nas noites sem lua, foi simplesmente soterrada!

A horta que você tomava conta, perto da sede da fazenda, não existe mais. Nem um pé de serralha viceja mais por lá. Mas vejo você ali, com o seu jeitão diferente, pernas compridas, arqueadas, esguio, muito alto, calça de brim riscado, curta, pega-frango, mostrando as canelas incrivelmente brancas, e os pés calçados por botina de couro e sola de pneu. Camisa de saco tingida de anil do campo, que, desbotada, tinha nuanças diversas de azul e branco, cujas as mangas compridas cobriam-lhe os extensos braços até os punhos. As mãos, de tão calosas, pareciam não fechar. Seu rosto era pequeno; a barba rala, sempre por fazer. Nariz adunco, testa franzida, os olhos azuis contrastando com suas faces vermelhas e enrugadas. Na cabeça, tampando os poucos fios de cabelo que ainda resistiam a idade e o sol inclemente, um chapéu de palha de abas curtas, já roto. Eu, com doze ou treze anos, e você já passado dos sessenta.

Sentávamos num velho esteio de braúna, deitado sobre o chão, por debaixo de uma jabuticabeira, nas horas de sol a pino, logo que eu chegava do ginásio, já almoçados. Então, pedia-lhe eu para contar-me de onde você veio. E você falava, no seu português italianado, que veio de um lugar lindo, de Veneto, e que seu pai lhe disse na hora de partir para cá: “Atravesse o rio, suba o monte, e você verá Veneza em fronte”.

E nós conversávamos, conversávamos, conversávamos... até o sol amainar. Assim, você chegou ao Brasil.

Aprendi muito e não lhe dei nada. Hoje, na mesma idade em que você estava naquela época, sofro uma saudade imensa e incontida do amigo velho. Aquelas conversas tanto me serviram no fluir da vida... valeram-me em tantos momentos, que preciso agradecer-lhe. Por mais que eu pergunte ou procure por seu túmulo, nada encontro. Só me resta gritar com todos os pulmões, que você, Écio Taliatti, ou Enzo Tagliatti, ou simplesmente como todos o chamávamos, com carinho, Sô Esso, foi um simples e grande homem.

Que tempo este. Que coisa estranha todo esse progresso. Que dor gostosa é esta, dorida saudade!!!

Até um dia.

Manoel Brandão - Ubá, 27/11/2006

domingo, 28 de março de 2010

MANOEL BRANDÃO - FOTO COM POEMA DELE DISTRIBUÍDA PELA FAMÍLIA NA MISSA DE 7o. DIA




CANTINHO LITERÁRIO

O nosso presidente ofertou à Aule, em papel pergaminho e devidamente emoldurado,
o seu poema abaixo, escrito em 21 de junho de 2006.

QUADRO NA PAREDE

Manoel José Brandão Teixeira

Vejo-te, ó Cristo, no lenho pendurado!
Braços abertos, cabelos em desalinho,
Corpo lancetado, rosto desfigurado,
E, na cabeça, uma reles coroa d’espinho!

Lágrimas não me faltam...
Quando... no ermo da noite,
Contigo, em minha simples sala,
Esbarro!

Sós, Tu e eu, nada falo!
Porém, ó Cristo, ante as Tuas dores,
As minhas são leves dissabores,
Que hão de se apagar com o tempo,
E... em breve espaço se dissolverão!

(Colado do Boletim da AULE n. 3, o qual está sendo enfeixado na futura Revista da AULE). O quadro emoldurado foi tirado da parede, na sede da AULE, especialmente para ser levado até ao velório, sendo o poema declamado pelo presidente sucessor, maestro Marum Alexander, como parte das exéquias).

quinta-feira, 25 de março de 2010

PRESIDENTE DO CONSELHO DA BANDA 22 DE MAIO HOMENAGEIA MANOEL BRANDÃO

Ao 1o. secretário da AULE,
Acadêmico Antonio Carlos Estevam:

Meu Caro amigo,

Somente hoje aqui em Brasília, que fui informado do falecimento de nosso amigo Manoel, que com tanta dedicação e entusiasmo dedicou a nossa Academia Ubaense de Letras, nao tenho palavras para dizer o que ele representa para mim como para a nossa cidade.
Sempre foi para mim o grande amigo, o companheiro de ideal, sempre comungamos os mesmos pensamentos. Que onde ele estiver possa estar nos auxiliando para adiante prosseguirmos em prol da Cultura de nossa cidade.
Precisamos em Ubá, de homens como o nosso Manoel, que sempre pensou em levar a cultura para toda a população de nossa cidade carinho e nao favorecermos a cultura para alguns seguimentos de elites ou as vezes para alimentar o égo e a vaidade.
Que nós possamos a cada dia, sermos verdadeiros seguidores do nosso Manoel. , que a nossa Academia Ubaense de Letras, possa escolher uma pessoa que possa ter as mesmas qualidades para ocupar esta lamentável ausência de nosso Manoel. Sei, que vc, tem todas estas qualidades para substituir por pensar da mesma forma que ele sempre pensou.
Um grande abraço.

João Carlos Teixeira Mendes
Presidente do Conselho de Administração da
SOCIEDADE MUSICAL E CULTURA 22 DE MAIO

MANOEL BRANDÃO NO O NOTICIÁRIO HOMENAGEANDO ANTONIO OLINTO

Ubá perde um filho ilustre (*)


Notícias - Geral
O escritor ubaense Antônio Olinto faleceu no último sábado, dia 13 (NOTA DO BLOG: ANTONIO OLINTO MORREU EM 12/09/2009), em sua casa, em Copacabana, no Rio de Janeiro. O corpo foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras (ABL) no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Aos 90 anos o escritor foi acometido por falência múltipla dos órgãos. Antônio Olinto era ocupante da cadeira número oito da ABL, desde 1997 no lugar do escritor Antônio Calado.

Professor e jornalista, Antônio Olinto publicou em 1949 seu primeiro livro de poesias “Presença” e foi crítico literário do Jornal O Globo durante 25 anos. Viúvo e sem filhos, foi casado com a escritora Zora Seljan, que faleceu em 2006.

O escritor é patrono da Academia Ubaense de Letras (AULE) desde sua fundação em 1983 e ainda publicou pela Academia sua obra prima Casa da Água. Segundo o presidente da AULE, o escritor Manoel José Brandão Teixeira, Olinto participou de várias cerimônias promovidas pela entidade e só recusava um convite de vir a Ubá se estivesse atarefado pela ABL ou em viagem fora do país. “Sempre que podia ele nos prestigiava com sua visita, principalmente nas celebrações de diplomação de novos acadêmicos, sempre aceitava o convite e marcava presença”, comentou Manoel Brandão.

“A perda é irreparável, não só para a AULE como para toda a Ubá, pois a cidade comemorou seu sesquicentenário, e nesses 150 anos Antônio Olinto foi o único ubaense a tomar assento na Academia Brasileira de Letras”, afirmou Manoel Brandão. O escritor ocupava uma das 40 cadeiras da ABL, que apenas sete mineiros tiveram a honra de ocupar.

O secretário da AULE, Antônio Carlos Estevam, lamentou a perda do escritor. “O grande público não se dá ao prazer de ler os clássicos. Antônio Olinto foi, é, e talvez seja para o futuro o sábio que mais fez para tomarmos conhecimento não da África no Brasil, mas do Brasil na África além de conhecedor profundo da língua portuguesa era exímio poeta, romancista de grande perspicácia, fruto de uma imaginação profunda.”. Para professora Cláudia Condé, o escritor preenchia uma parcela significativa em sua vida, tanto que ela escreveu um livro em sua homenagem “São eu, estas coisas”, do qual ele esteve presente no lançamento. “Posso seguramente afirmar que a convivência com ele representou alguns dos meus momentos mais significativos. Sua inteligência e cultura, aliadas à riqueza de sua vida particular, proporcionaram-me uma experiência indescritível, que eu jamais vou esquecer. O mínimo que podemos fazer é continuar falando sobre ele, para que um número cada vez maior de pessoas conheça sua vida e sua obra”, afirmou Cláudia.

O prefeito Vadinho Baião decretou luto oficial por três dias.

(*) Colado do site
http://www.jornalonoticiario.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=353&Itemid=37

PRESIDENTE MANOEL BRANDÃO, EM FOTO NA MEMORÁVEL SESSÃO DA AULE DE 22MAI2009

VEJA O PRESIDENTE MANOEL BRANDÃO EM FOTOS DA MEMORÁVEL SESSÃO SOLENE DA AULE DE 22 DE MAIO DE 2009

Uma centena de belas fotos, obra do fotógrafo Lupércio Oliveira, é só seguir o link:

http://picasaweb.google.com.br/luper.oliv

VISITE O BLOG DA ACADÊMICA TAÍS ALVES

Taís Alves
Sexo: Feminino
Signo astrológico: Sagitário
Local: Ubá : Minas Gerais
Quem sou eu
Jornalista, professora universitária, apaixonada pelas letras, por cinema e pela vida. Aqui pretendo deixar alguns comentários sobre o que observo no meu cotidiano. Serão apenas relatos de uma vida simples, mas muito feliz.

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PRESIDENTE MANOEL BRANDÃO - HOMENAGEM DE ACADÊMICA

PRESIDENTE DA ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS JÁ DEIXA SAUDADES

Taís Alves

Tive pouco tempo de convivência com o advogado e poeta, Dr. Manoel Brandão Teixeira. Eu o conheci durante alguns meses antes da minha posse na Aule, em maio do ano passado. Porém, foram muitos os momentos marcantes.

Na primeira reunião, quando fui convidada a assinar o primeiro termo, me comprometendo a participar da Academia, tive a certeza de tudo aquilo que já haviam me falado: seu Manoel era uma pessoa muito íntegra e que sabia reconhecer o valor de cada ser humano. Neste encontro com os demais neo-acadêmicos, ele nos deixou claro a necessidade do envolvimento de cada um de nós nos projetos da Aule. Em sua fala, percebíamos o entusiasmo daquele "menino-senhor" em levar adiante a cultura ubaense.

No dia da minha posse, ele me surpreendeu novamente com elogios e incentivo para que continue escrevendo e utilize os dons que Deus me presenteou em prol dos ideiais da Aule.

Os meses foram passando e tivemos a oportunidade de nos encontrar em vários outros eventos culturais do município. E naqueles em que não pude estar presente, por estar em sala de aula à noite, ou por outros compromissos, sempre ouvia depois o puxão de orelhas do senhor Manoel.

Ele era um defensor atento do Patrimônio Cultural do município. Não faltava a uma reunião do Conselho. Nem quando a saúde não ajudava como certa vez, quando ele ainda sofria dores em todo o corpo, em função de uma queda proveniente de um assalto sofrido em Ubá.

Uma das últimas vezes que tivemos a oportunidade de conversar foi durante a reunião de final de ano da Academia Ubaense de Letras. Ele estava muito empolgado com a publicação do livro com as obras dos acadêmicos e novamente me incentivou, dizendo que eu não poderia ficar de fora daquela publicação. E assim o fiz.Um pedido do senhor Manoel era uma ordem para todos nós acadêmicos.

Nesta segunda, dia 22 de março, fui surpreendida com a notícia de seu passamento. O seu fiel escudeiro, o secretário da Aule, Antonio Carlos Estevam, se imcubiu de nos avisar.

Menos de um ano de convivência, mas aprendi muito com ele. E queria aprender mais. Fica o compromisso de ler suas obras, seus poemas maravilhosos que nos emocionam. E a certeza de que as atividades da Academia Ubaense de Letras precisam continuar.

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Fonte: http://taisalvesuba.blogspot.com/2010/03/presidente-da-academia-ubaense-de.html
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Autora: Taís de Souza Alves, jornalista e professora Universitária, é mestre em Comunicação Social e membro da ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS, cadeira n. 10, cujo patrono é o major, escritor e e jornalista Lázaro Raymundo Gomes, às 13:21 de quarta-feira, 24 de março de 2010.
Viva sete de junho, há 44 anos!


Antonio Carlos Estevam



Vestiu a roupa domingueira. Trocou o tamanco de madeira por sapatos. Pôs-se a descer a Serra do Divino, rumo à cidade, com endereço certo: a Praça Guido, mais precisamente o cinema de Ubá, onde ia ver a telinha pela primeira vez.

No bolso, os cruzeiros ofertados pelo velho lavrador, o seu pai Juversino, como prêmio pelos onze anos de existência, ora completados, e pela conclusão do Curso Primário: “Nunca te dei nada de aniversário, meu filho. Toma, pra você ir passar uns dias lá em Ubá !”

Sentia-se como um pássaro quando a “penugem” dá lugar à primeira “pluma”. Agora, sim, já podia mobilizar coragem para estrear na “batida de asas”, rumo a um futuro que ele mesmo teria que construir e... assumir.

Hospedou-se, conforme orientara a mãe, em casa de uma bondosa tia.

Descortinava-se um horizonte de proporções tais, que chegava a assustar o púbere camponês. Experiências que podiam, a todas as pessoas em derredor, parecer banais, eram-lhe fortes, emocionantes. Uma delas: comer pipoca adquirida na carrocinha, bem à porta do cinema.

Os dias se passaram. Mais sessão de cinema, mais pipoca... e o dinheiro acabou. Pipocas as havia também lá na roça, até sem pagar... mas, não diariamente. Também, não sentia nelas o gostinho daquelas da carrocinha. Ademais: na porta do cinema, comia como quem saboreava também o movimento dos transeuntes e dos carros, assim como o ar de gente feliz que via nas pessoas, na beleza das jovens; havia a expectativa de ver um filme... ah, num tempo anterior à televisão.

Bolso vazio, quanto ao filme ele voltaria para casa sem assistir. De comer pipoca, porém, não conseguiu abrir mão do prazer. Vontade indomável, acabou por incorrer na prática de um ato que não só os outros, mas sobretudo a família reprovariam. Já em casa, o sentimento de indignação bateu-lhe forte. Fitou o céu. E jurou: “nunca mais eu cato pipoca da rua, para comer!”

A exemplo do sábio Oswaldo Cruz que, menino ainda, assegurou que acabaria com a Febre Amarela que assolava o Brasil e fez-se médico e cumpriu a promessa, assim também o nosso camponesinho nunca capitulou da sua decisão, como verá o leitor.

A Campanha Nacional de Educandários Gratuitos acabava de criar um curso noturno, exclusivamente para os que trabalhavam durante o dia, sujeito a comprovação. O tio, Izaltino, que à época auxiliava num escritório de Contabilidade, conseguiu que o sobrinho ali se iniciasse, credenciando-o assim para o temível Exame de Admissão ao Ginásio Dom Bosco. No escritório, aquele pré-adolescente cabisbaixo surpreendia com o seu desempenho, com o seu aprendizado.

Convidado para o setor administrativo do Grupo Parma, em pouco tempo assumiu a chefia de Recursos Humanos. Acostumado, desde os tempos do escritório contábil, a regularmente “namorar” jornais e revistas na Banca situada quase defronte, o hábito da leitura o levara a uma descoberta libertadora: diplomado, agora já podia, via concurso público, tentar um emprego mais seguro e com mais chances de subir na vida.

E foi assim que, admitido na Caixa, em pouco tempo ascendeu ao posto mor da agência, gerenciando por Minas Gerais afora até alcançar ser Superintendente Regional. Já inativo, tornou-se um vitorioso titular de revendedora lotérica, após exoneração, a pedido, de cargo de alto escalão na prefeitura da cidade onde reside.

Os filhos são, pela ordem cronológica, Delegada de Polícia, Promotor de Justiça e universitária (UFJF-Farmácia).

Falo do eterno colega de Dom Bosco e de Grupo Parma, Fernando Antonio Peregrino, no rastro de quem este amigo, vindo de uma vida ainda mais difícil, alcançou aposentar-se também na Caixa, aprovado que fora no mesmo concurso.

Muita saúde, Fernando, pela sua exemplar história, que hoje completa 55 anos sabiamente bem vividos! Continue sendo como é!

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Caro Estevam,

Refeito da grande emoção que a leitura e releitura de seu texto me proporcionou, quero, de coração e de alma, agradecer-lhe a generosidade da lembrança desse pedaço da história da minha vida que a marcou muito e sempre, servindo de norte e de marco para as atitudes e ações até hoje empreendidas. Se sucessos consegui obter e os obtive com certeza, devo muito também à participação sempre pronta de amigos, como você, sempre presentes nos bons e maus momentos, criticando, indicando rumos, aplaudindo, vibrando com cada etapa vencida.

Bendigo a Deus por ter-me proporcionado tão venturosas companhias, que me têm proporcionado uma vida leve e feliz.

Cordial abraço

Fernando Peregrino


Dedicado a Fernando Antonio Peregrino, homenagem especial a esse meu velho colega de ginásio e de trabalho por 23 anos na Caixa, que na sua estada hoje em Ubá, visitou-me em minha casa. Saúde,Fernandão!!!
Data 29/07/2007

quarta-feira, 24 de março de 2010

VICE PRESIDENTE DA REPÚBLICA HOMENAGEIA MANOEL BRANDÃO

Brasília, 22 de março de 2010.

Ao
Maestro Marum Alexander
Presidente da Academia Ubaense de Letras
UBÁ, MG


Manifesto ao ilustre Acadêmico e a seus companheiros da AULE minha solidariedade e profundo pesar pelo falecimento do senhor Manoel José Brandão Teixeira, Presidente da prestigiosa Academia Ubaense de Letras.

Como Acadêmico e dirigente da AULE, ele legou à nossa cidade uma valiosa contribuição, expressa na intensa atividade e nas admiráveis promoções artísticas e culturais com que conduziu, ao longo dos anos, o seu valioso trabalho à frente da instituição.

Atenciosamente,


José Alencar Gomes da Silva
Vice-Presidente da República

PROF DR EUCLIDES PEREIRA DE MENDONÇA HOMENAGEIA MANOEL BRANDÃO

Brasília, 22 MAR 2010

Aos eminentes Acadêmicos Maestro Marum Alexander,
presidente em exercício e Antonio Carlos Estevam 1º
secretário da Academia Ubaense de Letras

Venho manifestar a V. Sas e a todos os confrades da AULE,
minha profunda consternação pelo falecimento de nosso ínclito
presidente, Dr. Manoel José Brandão Teixeira.
A Academia acaba de perder seu iluminado mentor, imbatível
sustentáculo.
Quanto a mim, fico a deplorar a partida de um grande amigo
que se impôs à minha estima e admiração por sua notável
cultura, pelo brilho dos seus talentos literários e pelas múltiplas
qualidades humanas que ornavam sua personalidade, entre as
quais destaquem-se sua cordialidade, a afabilidade e solicitude
no trato com todos os que dele se acercavam e, sobretudo seu
acendrado amor à família.
Saudações
Euclides Mendonça
(Membro Honorário da AULE, diplomado na sessão solene de 22 MAI 2009)

HISTÓRICO DA ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS - PARTE III - EXCERTOS

PARTE III
do
HISTÓRICO DA
ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS
A PARTIR DA SUA FUNDAÇÃO
(DADOS COLHIDOS DO LIVRO DE ATAS)

(A parte I integrou o libreto Dia-a-dia da Aule – Tomo I;
e a parte II foi publicada no Boletim da Aule n. 3)


Objetivo deste trabalho:
contribuir para o resgate e divulgação da história da
ACADEMIA UBAENSE DE LETRAS
e daqueles que dessa mesma história fizeram parte.

Elaboração:
desde JUL-2006 pelo 1º. secretário da AULE
ANTONIO CARLOS ESTEVAM,
sucessor de Sílvio Braga (professor e escritor)
na cadeira n. 21, cujo patrono é Octávio Braga

Críticas e Sugestões:
academiaubaensedeletras@yahoo.com.br

SEGUE-SE A PARTE III,
LEVANTADA A PARTIR DE 24/10/2006 (DT DA DIGITAÇÃO)

20/07/1991 – 8h – no UTC – (consta como) 49a. Reunião (festiva)
Presid. Clotilde – Secret. Chiquinho Arthidoro – FL 53 DO LIVRO DE ATAS.
Presença de representantes do Armarinho Santo Antonio e Assoc. das Esposas dos Funcionários do Armarinho Santo Antonio. Objetivos:
1) Lançamento do livro Marketing à Brasileira, de autoria de Edmilson Conceição e
História de Ubá para as Escolas, de Clotilde Vieira.
2) Posse dos seguintes novos acadêmicos: Eduardo Alvim Barbosa, tendo como patrono
Prof. Lívio de Castro Carneiro; Rosalvo Braga Soares, patrono Paulino Soares; Vera
Coelho, patrono Major Lázaro Raymundo Gomes; Sílvio Braga, patrono Otávio Braga.
• Apresentadores da cerimônia: Dr. José Lopes Pereira e Elias Coutinho do Nascimento, escritor e poeta. “Num beco dessa cidade, os sapatos de um menino mascate, que ali foi buscar a sobrevivência há mais de 50 anos acabaram marcando a senda de uma nova mercadologia. Zequinha chegou, seu Zequinha ficou”, escreve o autor.
• Após a posse de Eduardo Alvim com o elogio ao respectivo patrono, Vera Coelho foi diplomada como nova acadêmica pelas mãos do empresário Afonso Mendes, que pronunciou expressivas palavras.
• Foi lido o vasto curriculum de Rosalvo Braga, recheado de vitórias alcançadas com grande trabalho. Rosalvo fez o elogio ao seu patrono Paulino Soares, citando-o como músico, fotógrafo, jornalista, dramaturgo e poeta, além de desenhista e caricaturista. Seguiu-se a diplomação de SÍLVIO BRAGA, com a leitura do seu amplo curriculum e exaltação às suas obras. Sílvio Braga agradeceu ao Dr. Floriano pela sua indicação para membro da Aule, fazendo em seguida o elogio ao seu patrono Otávio Braga.
• Dr. José Lopes fez a apresentação da obra História de Ubá para as Escolas, agradecendo ao Asal pelo financiamento da mesma e enaltecendo a cultura da autora com as seguintes palavras: “Duas Histórias, Dois Pensamentos, Um só Sentimento: Ubá”.
• A reunião foi encerrada com a palavra do escritor Edmilson Conceição, elevando a cultura de Ubá, a cidade, e lembrando a personalidade de Seu Zequinha.


16/09/1991 – 50ª. (qüinquagésima) reunião - no Sindicato Rural – finalidade: eleger a diretoria para o biênio 1991-1993.
• Não havendo chapa concorrente, procedeu-se a reeleição da mesma diretoria, composta pelos membros efetivos a saber: Clotilde, presidente; Dr. Floriano, vice; Francisco Arthidoro, 1º.secretário; Marília Crispi, 2ª.secretária; Dr. José Lopes, tesoureiro; Mauro Paulino, bibliotecário.
• Assinaram a ata: De Filippo, Xaxá, Dr. José Lopes, Ibrahim Filho, Mauro Paulino, Fernando Dias Paes, Thomires, Francisco Arthidoro, Marília Crispi, Jacintho Rodrigues e Dr. Floriano.
• Abaixo das assinaturas acima constou que “A chapa oficial foi re-eleita por unanimidade, excetuando-se um voto do Dr. Palmyos para presidente. Foram testemunhas da apuração (assinaturas) Ma. Do Livramento Másala Teodósio, Martha Trajano e Ma. do Carmo Noé.


05/11/1991 - 51ª. Reunião – na residência de Jacintho Rodrigues, virtude hospedado lá o Dr. Ary Gonçalves, em tratamento de saúde.
• Presentes: Clotilde, Dr. Floriano, Dr. José Lopes
• Clotilde e Dr. Ary propuseram para membro representante, e foi aceito por unanimidade, o professor José Schiavo, eminente conferencista sobre a Bíblia, palestrando da próxima sessão, a realizar-se no salão do Sacré Coeur com entrada franca.
• Programado para o dia 22/11/91 a posse do escritor José Lima da Silva, em sessão lítero- musical, no Salão Vermelho do Paço Municipal, com a participação da soprano Ana Coutinho Ferraz.
21/03/1992 – 52ª. Sessão – no Salão do Júri do Fórum – início 19h, em homenagem ao Centenário de Instalação da Comarca de Ubá, com o lançamento do livro “Centenário da Comarca de Ubá”, autora Clotilde Vieira.
• Aconteceu uma série de declamações e apresentações musicais, de autores como Câncio Prazeres, Ural Prazeres, Martins de Oliveira, Arduino Bolívar, Erasmo Furtado de Mendonça e Clotilde. Também de Mário de andrade, Alphonsus de Guimaraens. Participaram Clotilde, Marum Alexander, prof. Batista Caetano de Almeida Neto, do Conservatório de VRB.
• Tomaram assento à mesa o desembargador José Fernandes Filho, De Filippo, Dra. Selma (Juíza de Direito), William Cabral, Saulo Coelho, Desembargadore Lincoln Rocha, Vaz de Melo, Paulo Viana Gonçalves, Rubens Machado lacerda, Deputado Estadual Ibrahim Jacob, o magistrado José Altivo Brandão Teixeira, Dr. Eduardo Rinco e Dr. Petrônio Garcia Leon.
• Usaram da palavra o prefeito municipal De Filippo, o deputado federal Saulo Coelho, Dra. Selma, Dr. Jacson Campomizzi, Dr. José Teixeira Pires, Dr. Márcio Sollero, desembargadores José Loiola e o presid. do Tribunal de justiça José Fernandes Filho. Este descerrou a placa nominativa do Auditório José Campomizzi Filho, ora assim reinaugurado homenageando o saudoso causídico.
• Reunião secretariada, ad hoc, por Agnes Casal Moreira. Assinaram a ata

Data não constante na ata – 54ª. Reunião – Sessão solene de lançamento do livro do neo-acadêmico Dr. João Hélio Silveira Rocha: “A saúde e você”.
• Clotilde discursou dizendo que João Hélio, médico há 30 anos em Nova Friburgo, é “pentaneto” do fundador do município de Ubá. Dr. José Maurício Rocha, vice-prefeito, enalteceu a obra lançada.
• João Hélio recebeu das mãos de Clotilde o diploma de membro efetivo da Aule, tendo por patrono José Campomizzi Filho.


06/08/993 - 55ª. Reunião - no UTC - Sessão Solene de lançamento do livro “SABEDORIA DE A a Z”, de autoria de Iran Jacob e o co-autor Frei Neylor Tonin O.F.M., diretor da Editora Vozes. Só consta da ata que a mesa foi composta pelo escritor “e pessoas gradas da cultura local”. Assinatura única: Clotilde Vieira.


18/07/1995 (é a data que consta) – 56ª. Reunião – na residência da presidente Clotilde Vieira, início 20 horas.
O objetivo foi aprovar o ingresso de dois novos membros efetivos: o médico Carlos Alberto Coelli, poeta lançado pela Academia desde os seus 12 anos de idade com o livro “Infância de um poeta”; e o professor Hélder Carneiro Silveira, teatrólogo pela Escola de Teatro do Rio de Janeiro, autor de várias peças teatrais e diretor. Para patronos foram indicados: Cel. Domiciano Ferreira de Sá e Castro, trisavô de Hélder, vindo de Mariana e radicado em Ubá desde 1850, onde militou na política Liberal, prestando relevantes serviços a Ubá. Para o poeta Dr. Carlos Alberto Coelli, indicou-se o Dr. Camilo de Moura Estevão, fundador do Clube Republicano em 1885, “homem de elevados atributos cívicos e humanitários, que a História administrativa tem relegado ao ostracismo.
Falou-se, nesta reunião, da sistemática ausência dos membros acadêmicos e na constância de uma meia dúzia. “Chego a desanimar com essa falta de apoio, mas o OBJETIVO, a razão de ser da Academia, permanece íntegro e firme: RECUPERAR A MEMÓRIA CULTURAL DO MUNICÍPIO; e lentamente, nesses doze meses de atuação temos lançado as sementes que presentemente dão seus frutos: tanto escrevi no jornal sobre o Capitão Mingote – Domingos Martins Pacheco – que a Câmara Municipal, em sessão-solene, comemorativa do cinqüentenário da Segunda Guerra Mundial, homenageou o Capitão Mingote”, registrou Clotilde, nesta ata.


16/11/1998 – 57ª. Reunião extraordinária – na residência do Dr. Floriano, a 1ª. com ele Presidente.
Objetivo: Determinar os rumos da entidade, agora não tendo mais viva a sua fundadora Clotilde Vieira, falecida em setembro de 1995.
Presentes (sendo que todos os sócios foram convocados por carta do Dr. Floriano): Marília Crispi, Iran, Sílvio Braga, Maria de Loretto, J. Xavier, Hélder Carneiro, Nicéas Azevedo, Maria Alice Gonçalves, Mauro Paulino, Dr. Floriano, sua esposa dona Paula Martins Carneiro Peixoto de Mello, sua filha Eliene. Justificaram a ausência, por escrito: De Filippo e Magda T. Pinto B. Gazolla.
Dr. Floriano, como vice-presidente, informou que realizava a reunião para reacender a chama duma entidade dada por uma emissora de rádio local como “morta e acabada” . Declarou encerrado oficialmente o mandato da antiga diretoria, entregando a documentação da entidade ainda em seu poder. Pediu que não se deixe acabar a Academia, exaltando a pessoa da sua fundadora, a finada Clotilde Vieira. Iran Jacob argüiu os colegas quanto a manter viva a Academia. Apoio unânime, Mauro Paulino sugeriu a formação de um “quatriviratum”, nomes que seriam tirados dentre os presentes à reunião, que funcionaria como diretoria provisória até acontecer uma eleição. Assim, assumiram: Iran – presidente; Marília – vice, Mauro – secretário, e Maria Alice – tesoureira. J. Xavier Gomes apresentou voto de louvor e aplausos ao anfitrião pela iniciativa da reunião. Também pediu aplausos para Sílvio Braga, que se deslocou da capital mineira até Ubá.
Foi proposta uma triagem de novos valores culturais ubaenses para um “Dia da Ressurreição”. Falou-se de mensalidade para os sócios, apresentação de novos associados, imóvel para funcionamento da Casa, mudança de Casa de Antonio Olinto para outro nome a ser escolhido, reapreciação dos atuais estatutos, destino do acervo documental e da biblioteca...
Ma. Alice manifestou o desejo de doar à Aule os livros que pertenceram ao seu pai, o jurisconsulto e saudoso fundador, Dr. Ary Gonçalves. J. Xavier Gomes pediu para constar em ata voto de pesar e saudade à finada Clotilde Vieira, pelo seu exemplar e profícuo trabalho frente à Cultura Ubaense e de outras plagas. Decidiu-se que todos os assuntos registrados nesta ata serão objeto de apreciação detalhada nas próximas reuniões ordinárias, as quais serão oportunamente marcadas pelo presidente interino Iran Jacob.

09/09/2005 – 57ª. Reunião - na CMU
Presentes: Manoel Brandão, Marum Alexander, Xavier Gomes, Ma. Alice e Mauro Paulino, mais os convidados Ana Ma. Vieira de Oliveira, Celso de Moura Estevão, José Cláudio Estevam e o escritor e ensaísta Antonio Carlos Estevam. Justificaram a falta: Evandro Godinho, representado por J. Xavier Gomes; Marília Crispi e Thomires, representadas por Manoel Brandão. Brandão comunicou que numa conversa com Marum, então presidente em exercício da Aule, ficou a par da situação da entidade... Em seguida, Marum usou da palavra para repassar o cargo, sendo recebido, também interinamente, por Brandão. Marum fez a entrega a Manoel do acervo bibliotecário e documental da Aule. Marum expôs os motivos que o levaram a aceitar interinamente, das mãos de Iran Jacob, a presidência da Aule. Disse que atuou especificamente como guardião do acervo por receio de que tudo se perdesse e que para isso recebeu o apoio de José Cláudio Estevam, que abrigou por meses aqueles documentos e livros em seu próprio local de trabalho; que finda a possibilidade de permanência ali daquele material, Marum passou a arcar pessoalmente com o aluguel de um imóvel. Disse mais o repassador do cargo, que, ainda titular da Secretaria Municipal de Cultura, promoveu vários eventos em parceria, sempre no intuito de manter viva a Aule junto à sociedade ubaense; que segundo Iran grande parte da biblioteca da Aule foi cedida, enquanto sob sua guarda, ao antigo Colégio Pitágoras, cuja sucessora incorporou os volumes da Aule ao seu próprio acervo com o nome de Setor Clotilde Vieira, sendo lamentável a perda de obras de diversos escritores ubaenses, membros desta Academia, muitos deles já falecidos e não se encontrando exemplares disponíveis para reposição. J. Xavier Gomes pediu que registrasse voto de louvor em favor de acadêmicos finados como Clotilde, Dr. Floriano e Dr. Ary Gonçalves. Brandão expôs a necessidade de nova reunião com quorum suficiente para aprovação da nova diretoria que, formada provisoriamente pelos presentes a esta reunião, ficou assim composta: Presidente Brandão, Tesoureiro Xavier; secretário Mauro Paulino; os demais cargos ficaram de ser preenchidos por indicação, até que se possa convocar eleição ordinária nos termos do estatuto. Foi colocado ainda: a necessidade de retomar a cobrança de contribuições; realizar sessão solene para breve apresentação da presidência provisória e nova sessão solene para aclamação de novos sócios, possivelmente em 3 de novembro, data em que nasceu a saudosa fundadora Clotilde.


22/10/2005 – Reunião extraordinária na residência de Manoel Brandão em caráter urgente
Após análise detalhada das propostas e curriculuns, foram aceitos como neo-acadêmicos os propostos por Mauro Paulino: Aparecida Camiloto, cadeira de Raul Soares, vagada por Clotilde; Miguel Gasparoni, cadeira de Levindo Coelho, vagada por Eduardo Coelho; Célia Mazzei, cadeira Regina Godinho Fernandes que se ocupa pela primeira vez; Celma Mazzei, cadeira Leocádia Godinho e Siqueira, vaga por José Lopes Pereira; Antonio Carlos Estevam, cadeira Otávio Braga, vagada por Sílvio Braga; Dimas Dario Guedes, cadeira Pe. Francisco Martins Corrêa, vagada por João Corrêa Netto; Rosa Serrano, cadeira Rosalina Brandão, vagada por Maria de Loreto; Marcirni Moura, cadeira de Ismael Gomes Braga, vagada por Francisco Arthidoro. A seguir, os propostos por Marum Alexander: José Altivo Brandão Teixeira,cadeira de Cesário Alvim, vagada por Ary Gonçalves; Ruimar Andrade, cadeira Wellington Brandão vagada por Fábio Barletta; Joaquim Carlos de Souza, cadeira Paulo Mendes Campos, vagada por José Dias Campolina; Cláudia Conde, cadeira Tarquínio Benevenuto Grandis, vagada por Floriano Peixoto de Mello. Seguem-se os propostos por Manoel Brandão: Ary Rosignoli, cadeira Major Lázaro Gomes, vagada por auto-demissão de Francisco De Filippo. Demais propostos, ou seja, Levindo Ferreira Barros, Roberto dos Santos Barbieri, Francisco de Carvalho e Paulo José Sabioni Milagres tiveram suas proposições sobrestadas por não haver vacância das cadeiras e por declinarem da nossa aceitação por motivos particulares. Foram aprovadas ainda as propostas de Marum Alexander, a seguir: Namir Emídio Teixeira, cadeira Cândido Martins de Oliveira, vagada por Francisco Xavier Pereira; Milton d’Ávila, cadeira José Gonçalves Sollero, vagada por Guiomar de Queiroz Pereira.
26/11/2005 – 59ª. Reunião – na Sociedade dos Viajantes – início 17h – Sessão Solene e Lítero-Musical de posse dos novos acadêmicos. Mestre de cerimônias: acadêmico Mauro Paulino. Sessão iniciada com 1 minuto de silêncio em memória dos acadêmicos falecidos no período de paralisação das atividades da Academia. Mesa formada: presidente Manoel Brandão, prefeito Dirceu Ribeiro, prof. Antonio Olinto e outras autoridades, atuando a acadêmica Thomyres como secretária “ad hoc”.Os novos acadêmicos foram convidados a tomar assento ao lado da mesa diretora, sendo que Ruimar e Dimas justificaram as respectivas ausências, ficando para serem empossados em futura sessão da Aule. Foi lido telegrama do vice-presidente José Alencar, justificativa de Marum Alexander pela ausência e cumprimentos de Honório Carneiro. Seguiu-se a execução do Hino Nacional e Aquarela o Brasil. Depois, a entrega das medalhas pelo sr. Prefeito Ribeiro. Cada acadêmico fez o elogio ao respectivo patrono. Após o juramento solene, o garoto Francisco Brandão Teixeira pronunciou saudação aos tios José Altivo e Manoel José. Antonio Olinto citou Ozanam Coelho como seu amigo de infância, lembrou a morte do ex-governador no dia da fundação da Aule, cuja criação era o seu grande desejo, disse. Olinto disse que Ubá precisa tornar-se um centro cultural da Zona da Mata, do Estado, com a Academia cumprindo o seu papel de defender a Língua Portuguesa... Prefeito Dirceu falou da sua disposição em ceder, em caráter permanente, sala da antiga Estação Ferroviária para funcionamento da Aule sem escadarias, mais acessível aos acadêmicos idosos; disse da importância de se fazer projetos para que os mesmos se convertam em obras. O presidente Manoel Brandão enalteceu a figura de Clotilde Vieira, fundadora da Aule, dizendo de sua educação, sua origem, seus talentos na pintura, na música, no canto, como escritora e poetisa. Seguiu-se a inauguração do retrato da nossa fundadora para afixação na sede da Academia, sendo fotografados ao lado da foto o acadêmico Iran Jacob, também fundador e ex-presidente, ao lado de Ana Maria, filha de dona Clotilde. Beatriz Vieira declamou o poema Apenas um olhar, de autoria de sua avó Clotilde, e juntamente com a outra neta, Rosilene, fez o agradecimento da família. Seguiu-se a belíssima parte lítero-musical com a rica participação de artistas como Aparecida Camiloto e seu irmão pianista José Maria, Ione Cusati, Milton d’Ávila, Célia e Celma Mazzei. Ao encerrar, o presidente dirigiu palavras elogiosas ao patrono Antonio Olinto e ao mestre-de-cerimônias acadêmico Mauro Paulino, vice-presidente da Aule. Pediu ajuda para resgatar os livros e pertences da Academia, agradeceu a todos os presentes e anunciou o lauto coquetel que se seguiu.
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20/12/2005 – sessão ordinária – na sede da Aule – Av. Roças, 163 - 2º. Piso. Início: 19h30min
Assuntos: modificações e alterações a serem propostas aos estatutos; apresentação de chapa para a mesa diretora, cobrança de mensalidades e outros assuntos. Presentes: Manoel, Joaquim, Marcirni, Iran, Estevam, Aparecida Camiloto, Ma. Alice, Cláudia Conde e Milton d’Ávila. José Xavier Gomes justificou sua falta por dificuldades de locomoção (escadaria). O presidente Brandão citou as vinte cadeiras, que passam a integrar o patrimônio da Aule, como doação sua e do seu irmão José Altivo. Decidiu-se pela mensalidade no valor de dez reais. Foi eleita por aclamação unânime a nova diretoria: presidente Manoel, vice Mauro, tesoureiro J. Xavier Gomes, 1º. Secretário Estevam, 2º. Joaquim Carlos, bibliotecária Ma. do Carmo Mello Coelho. Eleito também o novo Conselho Deliberativo: Iran, Ary, Miguel e Marcirni. Comissão de Artes: Aparecida, Milton e Cláudia. Estevam relatou a sugestão de Ma. do Carmo para a criação do Projeto Cinema de Graça, que ficou para ser analisado na próxima reunião. Joaquim sugeriu a realização de programa de rádio local. Brandão informou a existência de trabalhos literários em elaboração, dos confrades Mauro, Cláudia, Joaquim e dele próprio. Ficou acertada a nova reunião para o dia 20/01/2006. Assinaram a ata: Manoel, Estevam, Cláudia, Aparecida, Ary e Nicéas Vieira de Azevedo.

Observações: 1) As atas subseqüentes têm sido publicadas in totum nos sucessivos boletins da aule.
2) O espaço até aqui ocupado nos boletins com a publicação do “Histórico da Aule a partir da sua fundação”, pretendemos doravante disponibilizá-lo para a publicação de trabalhos assinados pelos confrades. Envie-nos o seu, VIA E-MAIL E JÁ FORMATADO.
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NOTA ESPECIAL DE AGRADECIMENTO ÀS
SECRETARIAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO E DE CULTURA,
PELO ENVIO QUE NOS FIZERAM DOS CARTÕES ABAIXO:
Convite para as comemorações do Dia da Manga em Ubá – patrimônio natural do nosso município – anunciando Concurso e frases, Mostra Gastronômica, Produtos da manga, distribuição de mudas de manga, plantio de mudas de manga, recreação e teatro. Local e data: Praça São Januário, 09/12/2007, de 9 às 13h – Informações – 3531-5803.
---------------------------------------------------------------------------------------- “Agradecemos sua mensagem de carinho e felicidade, terno gesto de grande apreço e generosa estima. Pedimos igualmente ao Deus-Menino que o sentido das comemorações de seu nascimento frutifique em cada coração, para que todos se sintam em paz, o mundo se torne melhor e o sorriso seja a única expressão das almas que buscam uma vida mais feliz, colorida pelo mais singelo amor. Que esse mesmo espírito natalino permaneça em cada coração por todos os dias do novo ano, para que a humanidade possa viver intimamente a graça e o sufrágio das mais puras alegrias”.

AO PRESIDENTE ODELAR SOARES, OS NOSSOS MAIS SINCEROS AGRADECIMENTOS
A diretoria da Academia Ubaense de Letras, por questão de justiça, não poderia fechar este boletim sem incluir aqui esta nota especial de agradecimento à Associação dos Viajantes e Representantes Comerciais do Brasil, na pessoa do seu competente presidente ODELAR SOARES. A cessão do salão nobre para a realização das nossas solenidades, a receptividade, a boa acolhida aos nossos contatos com a Sociedade, as manifestações em favor dos nossos homenageados, inclusive com a presença física nas nossas comemorações, são alguns dos motivos que nos movem a este agradecimento. Aproveitamos para juntar os nossos votos de profícua gestão a essa diretoria e venturoso 2007 a todos os seus associados.

BOLETIM INFORMATIVO DA AULE
No. 7 ABR/2007

PARTE I - Editorial

Caríssimos confrades


A Academia não paralisou. Estamos lutando em todas as frentes, reformando o mobiliário a nós cedido em comodato pela Aciubá. Contratamos uma bibliotecônoma para levantar todo o acervo da Academia, a qual ainda não iniciou o trabalho devido à reforma do mobiliário, ora em curso e sendo realizada no recinto da Academia por um marceneiro, também especialmente contratado.

Até o Sesquicentenário estaremos com o salão mobiliado à altura da Academia e a biblioteca e demais documentos em perfeita ordem.

No campo cultural, estamos liderando na Comissão do Sesquicentenário o Festival de Poesia e Interpretação, a se realizar como um dos eventos dos festejos. Assim como iremos apresentar o Romanceiro da Inconfidência, da poetisa Cecília Meireles, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no dia 20 de abril, às 19h30min. A direção geral do espetáculo estará a cargo da nossa confrade Maria da Conceição Aparecida Camiloto Rocha Ramos, com a interpretação de acadêmicos.

Voltamos ao lugar comum da falta de pagamentos das mensalidades. Para que a Academia seja forte e respeitada, é necessário que os confrades quitem suas mensalidades, depositando na conta 0159.013.00004786-1, junto à Caixa Econômica Federal, na importância de R$ 10,00 mensais devida a partir de JAN/2006. Será que este valor é tão pesado, que alguns confrades não dispõem da quantia para recolher em favor da Academia?

Precisamos adquirir um computador com impressora e um aparelho de ar condicionado para a proteção do equipamento e do acervo da entidade (livros, utensílios, pinturas etc). Portanto, a sua contribuição é imprescindível, porque é a nossa única fonte de receitas, e o poder público em nada contribui.

Há confrades que já pagaram até 2008; outro que já quitou até abril de 2009. Por que, confrade inadimplente, não pode você colocar o seu débito em dia? Nossos balancetes demonstram, em todos os boletins, a situação individual dos acadêmicos, os valores recebidos e os pagamentos efetuados.

Se a Academia hoje tem algum acervo é por doações de confrades, como o acadêmico Ruymar Andrade, que brindou-nos com o conjunto de estantes de aço, e outros que doam tempo, num trabalho exaustivo – inclusive a elaboração deste Boletim – para que a Academia funcione e seja o que hoje é.

Trabalhar com Cultura no Brasil é das coisas mais difíceis, porque alguns acham bonito se dizer acadêmicos, todavia, para manter a Academia como um legado ao pósteros nada fazem. Prometem ajudar, mas o compromisso nunca se torna realidade.

Do Poder Público, só podemos agradecer à Prefeitura de Ubá, por nos alojar em um imóvel do município e dar suporte, através das Secretarias de Administração, de Educação e hoje a de Cultura, até para que este Boletim chegue ás mãos dos acadêmicos.

Os demais poderes, inclusive nas esferas estadual e federal, eles criam tantas exigências, que teríamos que contratar uma consultoria, a preço de ouro, para tentar obter alguma coisa, o que inviabiliza a consecução de qualquer benefício.

Então, só nos resta nós mesmos!

Avante acadêmicos!
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Em tempo:
1) No Cortejo Cultural, para o qual todos os acadêmicos foram convocados via e-mail e correios, e alguns até via telefone, a Academia ocupou lugar de destaque, apresentando o seu galhardete e teve a participação de 12 confrades durante todo o percurso do Cortejo, cuja cobertura jornalística completa foi publicada pelos jornais locais, mais amplamente no Gazeta Regjornal (duas páginas inteiras, inclusive muitas fotografias, a cores), edição ora nas bancas.
2) Valores em caixa e em banco - esclarecimento importante:
Os valores em caixa e em banco, conforme demonstrativos publicados neste Boletim, como em todos os boletins anteriores, destinam-se ao custeio natural da Academia com: móveis, utensílios, biblioteca – inclusive contratação de serviços, reforma e manutenção – e para a aquisição de equipamentos, ar condicionado, computador, impressora e scanner, internet banda-larga, telefone, material de expediente (inclusive cartuchos para impressora, papel-ofício e tudo o que é material de escritório) e tantos outros itens aqui não enumerados. Lembrando que a nossa única fonte de receita para arcar com todos esses pagamentos é a contribuição mensal de R$ 10,00 de cada confrade. A impressão das cerca 1.500 páginas (aí incluídas as perdas) deste Boletim, afora as centenas de páginas de correspondências outras, inclusive circulares, com o cartucho de impressora custando R$ 80,00 a unidade, dá, por si, a idéia do tamanho de um tipo isolado de despesa do qual a Academia só se livraria deixando a própria entidade de existir.
BOLETIM INFORMATIVO DA AULE
No. 7 ABR/2007


PARTE II - Literária



DIVINA CRIAÇÃO


Manoel José Brandão Teixeira
Ubá, 8 de março de 2007
Dia Internacional da Mulher





Deus mirou Seu paraíso,
E viu Adão tão triste... solitário!
Os olhos dele já não cabiam
Em tão grandiosa paisagem!

O Altíssimo,
Que tudo sabe, tudo vê,
Fê-lo dormir
Naquele instante!

Bela como as manhãs,
Meiga como o pôr-do-sol!
Esplendorosa como os arrebóis,
Perfumosa como o hálito das flores.
Daquele jardim que Javé criou.

Assim o Onisciente criou Eva
A mais perfeita obra
De Sua imaginação!







Embevecido,
Ao acordar,
Adão fitou-a!
Em êxtase...
Tocou-a!
Iniciando as gerações.

Hoje, as mulheres,
Fruto daquela inicial paixão,
Despontam em todas as ciências,
Laboram em todas as profissões,
Julgam com proficiência,
Comandam corporações!

Navegam em todos os mares,
Vão além,
Acima de todos os ares,
Tudo fazem com meiguice nos olhares
E amor nos corações!

================================================

































A responsabilidade da gestão orçamentária
Antonio Carlos Estevam *
acestevam@oi.com.br

Minhas parcas noções de economia, direito, administração e contabilidade pública e orçamentária remontam a trinta anos. Eu cursava Ciências Contábeis na Fundação Visconde de Cairu, trabalhando (concursado) no Departamento Financeiro da Caixa, em Salvador. Ali era centralizada a escrituração, inclusive os empenhos, das áreas meio e unidades de ponta, em âmbito estadual (Bahia). O aprendizado acadêmico, aliado à leitura regular obrigatória das Normas de Serviço e ao acompanhamento sistemático das instruções, desde aquele tempo, parece autorizar-me a sugerir que:

A investidura nos cargos de chefe de Poder Executivo e de legislador deveria ser condicionada a comprovação – conquanto apenas via teste básico – de alguma noção (não formação), no setor, por parte do eleito.

É-me difícil acreditar que ainda assim seria comum, na conduta dos governantes, a condenável praxe de centralizar em seus respectivos gabinetes a administração/decisão – não o mero controle – dos orçamentos das diversas secretarias (ou ministérios). Apresentam como justificativa a necessidade de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. (Refiro-me às despesas cuja realização depende de saldo na conta de dotação e de autorização/empenho, que não aquelas como folha de pagamento e encargos sociais, que, autorizados ou não, têm que ser pagos). Ora, se a chamada Orçamentação Pública aloca valores nas rubricas por área administrativa, como admitir a total falta de autonomia do gestor de determinada pasta para administrar o seu próprio orçamento? Secretário ou ministro é, afinal, cargo de confiança do administrador mor, cujo preenchimento depende da livre vontade do nomeante (ele). Ademais, a participação direta e de forma generalizada do mandatário – ou de alguém por ele “designado oficiosamente” – no autorizar cada empenho, parece anular em grande parte a necessidade da figura do chefe de primeiro escalão. Mesmo porque, as respostas para “tem recursos...? e “posso utilizar?” soam evasivas, indeterminadas... um jogo de empurra. Como decidir, afinal, a implementação de planos para a área sob a “minha” responsabilidade?

Pois bem. Daí já podem resultar vários prejuízos, dentre eles: 1)emperramento da máquina e sobrecarga para o vértice superior da pirâmide administrativa, com dificuldades de organização no andamento do serviço e as naturais conseqüências disto; 2)pesado e injustificado ônus ao bolso do contribuinte, ao ser mantida uma inoperante estrutura de Poder.

Agora, o que tem a ver com isso a figura do legislador? – perguntaria o leitor. É o que faltava considerar. Ora, sabe aquelas mudanças de valores de uma rubrica para outra, que o Executivo com muita freqüência encaminha para aprovação pelo Legislativo? Um expediente que se justifica, eis que não existe orçamento perfeito, porém perguntamos: Você já reparou, por exemplo, que sói não constar, na publicação dos atos oficiais, o nome de cada rubrica, mas apenas o código? Já se deteve em pensar no dispêndio de tempo que exigiria do legislador proceder à necessária análise conjunta e julgamento da justificação de cada operação daquelas? E mais: que por este motivo e outros – como, por exemplo, a falta do conhecimento que foi defendido acima como necessário também ao legislador – acaba a matéria sendo votada em bloco, sem ao menos se saber o que se está aprovando? Já observou que há, nesse emaranhado, valores elevados e em grande quantidade, cuja soma faz sentir como se o Orçamento (fixação da Despesa anual com base na previsão de Receitas) fosse apenas figurativo?

Feitas estas reflexões básicas, resta lembrar, enfim, que a excessiva centralização de poder – nos termos em que foi colocado acima –, altamente condenada hoje pelas boas normas de administração, além de tender a resultar em má qualidade da gestão da coisa pública, com os prejuízos mencionados, historicamente tem sido um facilitador para a malversação, propriamente dita, dos recursos.

(artigo publicado no Gazeta Regjornal, edição de 28/3/2007)























RIP
Honório Carneiro – ano 1973 (*)




Não, senhor agente funerário,
absolutamente não!
Eu não quero comprar um lote
no suntuoso e aprazível
Cemitério do Parque da Colina.
Sei que lá,
nos verdejantes gramados
que a brisa é fresca,
é belo o horizonte,
que se bebe cerveja gelada
e que se ouve música em hi-fi.
Mas eu não quero nada disso não.
Além do mais,
não estou pensando em morrer tão cedo
e quero,
com a graça de Deus,
ainda viver muitos anos
e ter muita felicidade em minha vida.
Pode guardar seus papéis.

E,
quando eu morrer,
não precisa vir oferecer,
à família enlutada,
estes sete palmos de terra tranqüila
do cemitério do Parque da Colina.






Eu quero repousar é lá em Ubá,
minha terra natal,
onde não tem gramados verdes,
nem play-ground,
nem cerveja gelada
e nem vista panorâmica.

Mas,
tem uma coisa que aqui não tem:
frente para a Rua da Paz,
para eu descansar em paz.
E tem a terra que me viu nascer
e que guardará,
para sempre, em seu seio,
ao lado de meus pais
Maria Camila e Neném Carneiro,
as cinzas de um filho que é,
antes de tudo,
um ubaense...



(*) NOTA: O comendador Honório Carneiro completou, recentemente, 80 anos bem vividos, sendo na ocasião abraçado pelo presidente Manoel Brandão. A Academia roga ao Criador pela sua longevidade com saúde e paz. E que seja mesmo adiada infinitamente a aquisição do “seu lote no Santo Antônio”.














MÃE LUZIA


Poema de Mauro Paulino, cadeira n. 22 patrono Maestro João Ernesto
Da academia Ubaense de Letras
Para a Sra. Maria Luzia Brandão Teixeira
Mui digníssima genitora de tantos amigos(as) e conhecidos meus, entre os quais o Raphael (que não é anjo mas meu irmão de farda) e especialmente o dr. Manoel José Brandão Teixeira meu confrade na Aule nesses tempos atuais.
Com certeza, dona Luzia é também um pouco nossa mãe.
Ubá, 30 de outubro de 2006.


Mãe Luzia!
Outro dia
Eu pensei que podia,
Sentir-te um pouco,
Ou muito,
Que eras minha mãe!

Mãe Luzia,
Que naquele dia,
Qual santa imagem
Eu via, oh, doce miragem
A mover os lábios,
Na prece muda,
Qual roçar suave
Da branda aragem
A buscar o consolo
Das altas e celestes moradias.

Mãe Luzia,
De olhar tão puro e terno
Como do céu luzeiro,
A clarear-me o escuro
Das estradas da vida
Que no passar do tempo
Das vivências, a sós procuro,
As lembranças antigas dos tempos de inverno
Seus conselhos para a existência que permeio.
Em outra estrada talvez já esquecida.

Mãe Luzia, de mãos trêmulas
Mas de voz até calma e certa
De falar ainda de forma tão correta,
Na brandura da velhice
Que não lhe rouba apesar disto a meiguice.

Mãe Luzia,
Quisera eu ainda
Encontrar teus olhos, qual claro fanal
Neste parvo poema que agora eu te faço,
Com meus sonhos perdidos de rapaz
Quando a velhice nos meus olhos já se faz
Reencontrar pudera teu acalanto melodioso,
Amável e consolador, amigo e maternal
Qual cantar d’anjos na morada do Todo-Poderoso,
No antigo ninho sempiterno
Do teu divino e maternal regaço!

Mãe Luzia,
Por que choras?
Ah, tu não choras agora.
Sorris!

ATÉ LOGO, MANÉ BROA!!

´
ATÉ LOGO, MANÉ BROA!!


Helder Carneiro*



Cumpriu-se. “Mané Broa” foi embora. Lutou como um bravo contra uma diabetes cruel, intermitente. Foi, também, incansável guerreiro a favor da cultura. Levantou, me uma gestão obstinada, a Academia Ubaense de Letras, dando-lhe novamente prestígio e idoneidade.
Escreveu poemas, contos e intermináveis textos de amor para sua amada Ana Maria, paixão confessa de juventude, concretizada na maturidade.
Amigo prestativo corria daqui e dali como se fosse – e quem sabe o era – um jovem de espírito saudável para ajudar, protestar, brigar e conseguir o seu intento. E sempre conseguia.
Participamos juntos de muitos saraus literários onde era o mais entusiasmado, o mais dedicado, o mais falante.
Seu velório foi comovente. Co-mover: que move junto. Todas as gerações ali presentes, família enorme ainda impactada, inúmeros amigos consternados, os companheiros da AULE emocionados prestando-lhe várias e belas homenagens.
A morte tem a cor da vida: a cultura se fez presente em sua despedida, na leitura de um de seus poemas, na música cantada, na palavra falada, no choro contido e silencioso de tantas pessoas e no som do clarim da banda militar.
Sua família comprovou naquele momento, se ainda houvesse dúvida, que nosso querido Manoel era realmente muito querido.
Com sua fala mansa e seu jeito simples Mané Broa vai deixar saudades. Já deixou. E vai fazer muita falta.
Já está fazendo.


* Teatrólogo, professor e membro da Academia Ubaense de Letras.

segunda-feira, 22 de março de 2010

MANOEL JOSÉ BRANDÃO TEIXEIRA - CURRÍCULO

DADOS PESSOAIS DE
MANOEL JOSÉ BRANDÃO TEIXEIRA
(02-06-1942 - 22-03-2010)

O ubaense Manoel José Brandão Teixeira, primeiro dos doze filhos do produtor rural Raymundo Brandão Teixeira (Dico Teixeira) e da professora Maria Luzia Brandão Teixeira (Dona Zia), brasileiro, separado judicialmente, OAB-MG 34.090-B, nasceu em 02 de junho de 1942. Domiciliado e residente à rua Engenheiro Carlos de Oliveira Castro Brandão, antiga rua Passos, n. 239, Bairro Santana – Ubá-MG.
Profissão: bancário e advogado, aposentado em ambas.
Ex-professor do Programa Especial de Estudo de Problemas Brasileiros e ex-professor conferencista de Estudo de Problemas Brasileiros para o ciclo profissionalizante, área de Economia e Finanças, Importação e Exportação, da Universidade Católica de Salvador.
Pai de três filhos, a saber:
1) Professor doutor Manoel José Brandão Teixeira Júnior, advogado em Belo Horizonte e professor de Direito Constitucional na Universidade Federal de Ouro Preto;
2) Doutor Paulo Raymundo Brandão Teixeira, médico dermatologista em Belo Horizonte.
3) Doutora Ana Luísa Brandão Teixeira Banterlli, advogada em Belo Horizonte, com pós-graduação em Direito do Trabalho.



ATIVIDADES PROFISSIONAIS


I – Iniciou sua carreira profissional no Banco de Minas Gerais S.A., que foi incorporado pelo Banco Real. Praticante de funcionário em 13/08/1960, chegou a chefe do setor Nordeste do Banco Minas. Com a incorporação do Banco de Minas Gerais pelo Real, tornou-se chefe do Setor Realmig-Nordeste. Como chefe de setor, comandava não só as agências como as carteiras de Câmbio, banco de investimento, financeira e seguradora do Nordeste Brasileiro, sendo subordinado ao diretor de Área no Rio de Janeiro.

II – No Bemge – entrou no Bemge em 13/08/74, através de convite dos senhores Silene Durão Júdice e Admardo Terra Caldeira, respectivamente vice-presidente e presidente do Bemge, como Assessor da Presidência Para Assuntos de Câmbio.
Fundou as carteiras de Câmbio de Curitiba e Vitória.
A convite do Dr. Jeocy A. Sardella, deixou a carteira de Câmbio de Vitória e veio para a gerência da agência de Petrópolis. A agência era a última da praça. Em pouco tempo, colocou-a em lugar de destaque (vide doc. n. 1).
De Petrópolis, veio para a agência de Ubá, que em pouco tempo passou de CR$ 100.000.000,00 para CR$ 700.000.000,00 (vide doc. n. 2 e 3). De Ubá foi transferido para a Agência Ponte Nova, onde trabalhei com afinco, criando uma equipe sólida e coesa (vide doc. n. 04).
Ante o trabalho executado em Ponte Nova, fui comissionado como Gerente Regional de Governador Valadares, isto em 30.08.84.
Em 18.10.84, fui transferido de Governador Valadares para chefiar a Gerência Regional de Ponte Nova, onde dei o melhor de mim (vide docs. nºs 05 a 09).
Em 04.06.87, fui transferido para Juiz de Fora (vide doc. nº 10).
Tendo, por ordem da Diretoria, deixando a Regional de Juiz de Fora no mês de agosto de 1988, passei a prestar serviço na Vice-Presidência Operacional II (Rio de Janeiro, São Paulo e Nordeste), depois fui removido para a SUJUR, onde estou até hoje trabalhando sob a orientação do Ilustre Dr. Paulo Nunes de Miranda, Superintendente Jurídico de Bemge.
Quando de sua aposentadoria em 1996, recebeu de seus colegas de SUJUR a homenagem a este anexada.



ESCOLARIDADE E OUTROS TÍTULOS


a) Escolaridade

1) As primeiras letras, aprendeu-as com sua mãe, professora Maria Luzia Brandão Teixeira;
2) O curso primário, fê-lo no Externato de Dona Judith Carneiro, na rua Santa Cruz;
3) O curso ginasial e o curso clássico no Colégio Estadual Raul Soares, na década de sessenta.
4) Cursou História, na Faculdade de Filosofia e Letras, agregada à Universidade Federal de Juiz de Fora, até o terceiro ano, também na década de sessenta;
5) Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia, na década de setenta, sendo que iniciou o curso de Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora, indo até o terceiro o ano, em seguida transferindo-se para Salvador.


b) Outros títulos

1) Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, ano 1973;
2) Academia Petropolitana de Educação, ano 1982;
3) Academia Ubaense de Letras, 1984;
4) Certificado da Semana de Estudos Sobre a Idade Média, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, agregada à Universidade Federal de Juiz de Fora, em 1965;
5) Certificado de Participação e Freqüência no Simpósio Latino-Americano de Direito do Trabalho, da Universidade Federal da Bahia e Instituto Latino-Americano de Direito do Trabalho. Professores: Marciano R. Tissembaum; Alfredo Ruprecht, da Argentina; J. Montenegro Baça, do Peru; Mozart Victor Russomano, Orlando Gomes, Élson Gottschalt e José M. Cantarino, do Brasil – ano 1971;
6) Certificado de conclusão do curso Counselor Selling, ministrado pelo Setor de Treinamento do Banco Real.
7) Certificado de freqüência do evento versado sobre Sustação de Protesto e Ação Principal, da Escola de Advocacia da OAB-MG.
8) Certificado de Participação do Programa de Captação para Gerentes – Setor de Treinamento do Bemge, 1986;
9) Participação no 1o. Seminário de Ação Comunitária, ministrado pelo Centro de Formação Profissional de Juiz de Fora, 1983;
10) Certificado de Conclusão e Aproveitamento, do Curso de Planejamento Organizacional e Supervisão – Bemge 1977.
11) É membro do Conselho Curador da Fundação Municipal Irailda Ribeiro dos Santos, mantenedora do Campus Avançado da UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais em Ubá.
12) Rotaryano – Rotary Club Ary Barroso.



ATIVIDADES ACADÊMICAS E LITERÁRIAS


1) Presidente do Grêmio Literário Ruy Barbosa, do Colégio Estadual “Raul Soares”, na década de cinqüenta.
2) Fundador da LEU - Liga Estudantil Ubaense e seu Secretário-Geral por várias diretorias.
3) Quando faleceu em 22 de março de 2010, tendo nascido aos 02 de junho de 1942, era presidente da Academia Ubaense de Letras pelo segundo mandato consecutivo, eleito para o qual fora no dia 27/06/2008 (ata n. 78).
4) No período à frente da administração da AULE reergueu-a, tornando-a respeitada entidade do gênero e vista como uma das academias de letras mais atuantes do interior mineiro.



TRABALHOS PUBLICADOS:


Publicou seus trabalhos literários, notadamente poesias, mas também contos e crônicas, desde quando cursando o Científico, no Colégio Estadual Raul Soares, em Ubá, nos periódicos como os do grêmio literário e da Liga Estudantil Ubaense - LEU. Prosseguiu com suas publicações quando residiu em Salvador, Bahia, na primeira metade dos anos setenta (até 1975), tendo sido colunista do jornal A Tarde, assinando sob pseudônimo de Juca Teixeira. Também colaborou em jornais de Petrópolis e de Curitiba, quando residindo nessas cidades. Em Ubá, trabalhos com sua assinatura foram publicados nos jornais locais como Folha do Povo e Gazeta Regjornal, ao longo de muitos anos. Participou de inúmeras antologias e coletâneas lançadas pela Academia Ubaense de Letras e outras. Há cerca de um ano iniciou uma seleção, para enfeixamento em livro, de sua vasta obra inédita, na qual agruparia também trabalhos publicados em tempos passados. Legou à família formidável acervo, cuja organização para disponibilização à leitura merece ser logo providenciada. Um de seus trabalhos de maior valor foi o conjunto de quatro crônicas em que, numa verdadeira explosão de psicossíntese, resume, com absoluta maestria, a saga de seu bisavô, incluindo a fundação da Fazenda do Rochedo, há poucos anos retornada sua posse à família, sendo hoje de propriedade de seu irmão José Xavier Brandão Teixeira. Este seu trabalho literário, de grande valor, narra ainda o nascimento do seu bisavô, como já dito, o Coronel Manoel José Teixeira e Silva, que foi três vezes prefeito de Ubá.


A ACADEMIA SEM O DOUTOR MANOEL:

O advogado, historiador, contista e poeta Manoel José Brandão Teixeira, que ao falecer ocupava a presidência da Academia Ubaense de Letras, fora eleito e empossado para um segundo mandato consecutivo de dois anos em 27/06/2008, ata n. 78. Isto, após exercer interinamente por 6 meses (JAN a JUN/2008), período que ficou sem acontecer eleição. Significa que Manoel presidiu a AULE por 4 anos e 3 meses. Ocupava a cadeira de n. 14, que tem por patrono o seu bisavô o qual foi, por três vezes, prefeito de Ubá: Tenente-Coronel Manoel José Teixeira e Silva, político e educador. Espirando-se o mandato em 27 de junho próximo (2 anos após a eleição e posse últimas acontecidas), com a AULE desde 23/03/2010 sob a presidência do acadêmico Marum Alexander, que era o vice-presidente e assumiu automaticamente, aí poderá ser convocada e realizada eleição para nova diretoria. Das 40 cadeiras de membros efetivos da AULE, 36 estavam ocupadas. Com a vaga deixada por Manoel, as cadeiras vagas somam-se cinco: n. 14, 15, 16, 18 e 27.

domingo, 21 de março de 2010

O POVO QUESTIONA - I

Um jornalista em Ubá tem sido abordado por pessoas comuns, com manifestações, por exemplo:
1) Sobre terem aterrado com areia o encantador chafariz (matando-o) do belíssimo Jardim Cristiano Roças, na Praça São Januário, de Ubá. Ele diz ter procurado a Prefeitura, onde teria ouvido da autoridade responsável que a água ali gasta energia a bombeá-la e representava risco de dengue... ao que o cidadão retrucou: "Ora, é só tratar, botar cloro...!" Pois é, gente, o rapaz entende que foi buscada a chamada "solução fácil para as coisas". "A beleza do chafariz, o adorno a embelezar o logradouro cartão de visita da cidade, isto não conta, gente?...", concluiu, insatisfeito.

DESPERSONALIZAÇÃO, COMO DEVER DE SOLIDARIEDADE?

DESPERSONALIZAÇÃO, COMO DEVER DE SOLIDARIEDADE?

Antonio Carlos Estevam

Interessante refletir no quê pode resultar, para pessoas habituadas à leitura, a incursão por idéias de certos pensadores: o autor de psicossíntese Omar Gondim; teólogos como o escritor Leonardo Boff e o psicanalista e educador (sem religião) Rubem Alves; o sábio e declaradamente ateu professor Darcy Ribeiro; Frei Betto (referenciado a seguir); e outros afins...
Frade dominicano e escritor de renome internacional, com mais de 60 livros publicados, o também teólogo Frei Betto concedeu um colóquio sobre seu romance cuja personagem principal “tem parte com o diabo”. Sob a tentação e o malicioso olhar do demo, a cobiçada jovem, a saracotear e trajando microssaia, trepa, até o cume, a uma jabuticabeira. Na entrevista, uma confissão de Frei Betto: “... escrevo para expulsar meus demônios”.
Boff cunhou a expressão Um caminho de transformação para conceituar Espiritualidade em seu livro do mesmo nome. Nele, afirma invejar uma dimensão da fé religiosa de sua genitora que ele não consegue dar à própria crença (lembrando que Boff é filósofo e ex-sacerdote católico).
“Tenho medo de morrer e ir para o céu. Eu me sentiria um estranho por lá... nenhum mundo além poderá consolar-me da perda deste em que vivo”. (Rubem Alves em Transparências da eternidade, Verus, 2002).
Essas idéias levam a outra reflexão – agora vamos direto ao nosso tema. É sobre o que chamamos de autenticidade, no sentido defendido por Omar Gondim em seu best-seller “Faça de Você Você Mesmo!” (ele quis dizer limite-se a ser autêntico?). Neste livro, li: “O homem aprendeu a mentir e ensina a mentira como necessária à problemática humana”.
Pois bem. Sabemos que a religião condena a falácia e defende o império da verdade. Ora, se o que move o mundo é a eterna guerra neste sentido, ou, como se diz, a luta entre o bem e o mal –, como entender a extinção total do mel da mentira, subsistindo só o fel da verdade?
Pois é precisamente no grupo dessas pessoas que concebem esse estado impossível... é nele que se situam os que incorrem no que diz a expressão a intitular este artigo. Geralmente detentores de diplomas e vistos pelos outros como esclarecidos, abrem mão de ser eles mesmos ao adotar como próprio o pensamento de pessoas menos evoluídas, retrógradas, às vezes de geração anterior ou de mais idade que a sua, ou acomodadas em idéias ultrapassadas, escravizantes... Essas idéias são relacionadas, por exemplo, com a obrigação: 1) da crença irrestrita – num Deus pintado à moda “biblos” interpretado mesmo ao pé da letra – sob pena de pré-condenação; 2) da defesa intransigente e incondicional do tudo o que prega ou estabelece determinada doutrina religiosa, seus dogmas...
Esse “sobre-humano” no qual “o bobo” se espelha – e que pode ser mais de um – é “adotado” feito seu conselheiro ou charlatão, farmacêutico ou enfermeiro, mestre ou “tira dúvida”, enfim o árbitro de tudo em sua vida... Fica, assim, todo o direcionamento dado à própria existência subordinado ao pensamento desse “pseudo-guru”. E, como não poderia deixar de ser, sói haver familiares que, para manter a boa convivência, malgrado o natural contragosto acabam por se subordinarem a essa conduta que, no fundo mesmo, coletivamente abominam. Em conclusão:
Comete duplo erro, portanto, a pessoa que, como dever de solidariedade (assim por ela própria entendido), se despersonaliza a esse ponto. Submetendo-se a uma personalidade no mínimo doentia, mostra-se injusta ao impor à família o pesado ônus de dividir consigo as agruras decorrentes de uma opção que, afinal, é particularmente sua.

RELIGIOSIDADE EM TRÂNSITO

RELIGIOSIDADE EM TRÂNSITO

Antonio Carlos Estevam


Repaginando meu baú de leitor, dou com a posição do Brasil em 2005: os seguidores passam por diversas seitas, tomam conhecimento de suas filosofias e agregam algumas características delas às suas vidas. Uma a cada três pessoas muda de religião. Sendo que até 4 décadas atrás, essa dinâmica era abafada pela hegemonia católica; outras práticas religiosas ficavam intimidadas; não se declarar católico poderia significar ‘perder os clientes’.

Cidades então menores, nesse passado não distante era ainda fácil controlar quem ia à missa, prática que garantia o ‘carimbo no passaporte’ para entrada em muitas comunidades e até em clubes. Candomblé, ‘ôxen’ – diria o baiano – era caso de polícia! Dos brasileiros, 85% declaravam-se católicos. E só há 21 anos, com a nova Constituição tornamo-nos Estado laico.

Responder ao entrevistador do IBGE que não é católico, isto já veio a significar evolução.

Ficou patente que uma legião de vulneráveis troca sistematicamente de religião por não saber o que procura... Católicos soem virar evangélicos neopentecostais, uma importação dos Estados Unidos na década de 80, que veio reavivando a teoria da salvação: se você for bom, orar e pagar o dízimo, o céu está garantido.

Veio o momento em que a Igreja Católica já deixara um pouco de lado o demônio e se voltara para as pastorais com discurso de responsabilidade coletiva.

Muita música, palmas e igrejas em estilo ‘clean’. Um credo que promete respostas rápidas e reintegra excluídos, como alcoólatras e desempregados; clama aos berros no microfone e traz de volta a auto-estima dessas pessoas.

Pastores usam gravatas com camisas de mangas curtas, exatamente como a maioria dos trabalhadores. Atentos, os donos dessas seitas, normalmente empresários, aliam-se ao rádio, à televisão e à internet. Canais que chegam a gerar cerca de 20 horas de programação gospel, popularização garantida. A Universal de Edir Macedo nasceu nos morros cariocas.

Nesse mesmo ano de 2005 a (mais modesta) Renascer – do empresário paulista Estevam Hernandez, autointitulado apóstolo –, com apenas 20 anos por completar de sua fundação já somava 150 mil fiéis e 300 templos no Brasil, Japão, Estados Unidos, França e Espanha. Sem aquela imagem antiga de mulheres de saia que não podem cortar o cabelo, e com acampamentos onde tem até samba – conquanto com letras de Jesus –, a Renascer, sob o mesmo convencimento de que dando o dízimo Jesus proverá, já arrebanhara 20 milhões de fiéis.

Alguém conhece relato na história da humanidade de sociedade sem religião, ou de pessoa que passa uma existência inteira absolutamente à margem de crença...? – questiona o professor Tarcizio de Mauá, para em seguida emendar: “Há, sim, os que agradecem e acreditam em uma força maior, mesmo que ela seja oriunda da natureza”. Pois bem, grassa também o entendimento de que o Brasil que nasceu cristão (e católico) se nos afigura hoje evoluído para que todos gozem da liberdade de ter fé como bem lhes aprouver.

Autor da máxima “Em se tratando de principalmente, não há nada como não resta a menor dúvida!”, o leitor Sebastião Estevão Barros deixaria no ar – imagino – a seguinte pergunta:

Melhor assim?

sábado, 20 de março de 2010

O presidente e o secretário da AULE


A foto registra a honrosa presença do Dr. Manoel José Brandão Teixeira no casamento de Marlus Mello Estevam com Lígia Carmo Franco, também advogados, em 22 de agosto de 2009.

domingo, 14 de março de 2010

AMIGO (autor ignorado)

Amigo é o que nos procura
Simplesmente por sentir
Prazer, descanso e ventura
Em nos ver e nos ouvir.

Aconselha-nos se erramos,
Sem humilhar-nos, porém;
E sempre que precisamos
Ao nosso encontro ele vem.

Tem muitos dos nossos gostos,
Das nossas opiniões;
E se divergem os gostos
Concordam os corações.

Quando um dia inesperada
Uma dor nos espezinha,
Embora bem disfarçada,
Num instante ele adivinha:

Com uma palavra breve
E sábia, realiza o encanto,
Eis que já sentimos leve
O que nos pesava tanto.

Na hora difícil e indecisa,
Em que descremos de nós,
Só ele nos valoriza
Com sua calma e sua voz.

Mais que irmão – conceito antigo –
Nos instrui com perfeição.
Se nem sempre o irmão é amigo
Todo amigo é sempre irmão.

Mas não é qualquer no mundo
Que possui o raro dom
De ser amigo profundo:
É preciso, antes, ser bom.

RECADO PRA TIANÉM

Ném, poste algo daí, pois, inspirado no teu, estou inaugurando o meu blog... rsrsrs

PORQUE CRIEI ESTE BLOG

A criação deste blog é uma experiência inspirada no sucesso do blog da minha irmã Ném Pacelli, precisamente por ocasião da sua estada em minha residência em 14 MAR 2010.